Tuesday, November 10, 2015

Mata-piolhos e Fura-bolos




















(1. O último dos sete irmãos é lobisomem, ou seja, lucumón, torna-se lobo em algumas precisas circunstâncias, mas livra-se disso se o seu irmão mais velho o apadrinhar e então já não se sente uma besta feroz nem vive habitado pela melancolia, a última das sete irmãs é bruxa e pode fazer muito bem com o seu ofício e dar saúde ao doente e consolo ao triste, não é verdade que as rendeiras de Camariñas se tornem tísicas, as sereias também não, isto de fazer renda de bilros é muito saudável porque se come pouca saliva, tísicas tornam-se as meninas de tanto ler versos e tocar piano, algumas bordadeiras fumam charutos como as marisqueiras mas isto não é mau porque o fumo espanta os micróbios e dá força aos ossos, Fideliño ou Porcallán, que estava picado da varíola e tinha a cara vermelha, parecia um caranguejo cozido, e os pés negros como a noite e duros como o pedernal, andava sempre descalço e com os pés fazia faísca nas pedras quando tropeçava, não era de Moperguite, vivia na aldeia porque estava casado com uma dali, Marta a dos Xurelos, Fideliño ou Porcallán, reconhece-se que é aborrecido não deixar de ser pobre, foi dar um tiro na boca na penha da Muller dos Cinco Dedos, no Pindo, este é o mínimo, este o seu vizinho, este é o do meio, este é o fura-bolos e este o mata-piolhos, teve de andar muito e subir muito e quando veio para baixo partiu a cara contra as pedras, desfez a cara, parecia um tomate esmagado, Fideliño ou Porcallán trotava como um raposo, em saltinhos pequenos e desconfiados, e ia quase todas as noites até à praia de Nemiña para ver se o mar tinha devolvido alguma coisa, algumas tábuas de madeira nobre, acaju, ébano, pau-santo, um par de fardos de borracha virgem, um barril de genebra ou, provavelmente, um morto com um dente de ouro.
- Ainda existem?
- Sim, cada vez menos, mas ainda existem, um morto com um dente de ouro é uma bênção de Deus.»Madeira de Buxo (Madera de Boj, 1999), de Camilo José Cela.;

2. Fura-bolos: dedo indicador; mata-piolhos: dedo polegar;

3. A propósito: «Camilo José Cela» - Wikipedia)

Saturday, October 31, 2015

Sapos de olhos cosidos

Zig e Zag e os sapos dos olhos cosidos (cartoon):

















(1. «(…) aos sapos que se coseram os olhos há que queimá-los para que não se vinguem com crueldade, os sapos com os olhos cosidos são muito rancorosos (…)» - Madeira de Buxo (Madera de Boj, 1999), de Camilo José Cela; 2. «Sapos: O tabu da etnia cigana» - Sol, 2013/06/11; 3. A propósito: «Camilo José Cela» - Wikipedia)

Friday, October 30, 2015

Os duelos sem fim de Dom Rodolfo e do alfaiate Meireles

I – Quando dom Rodolfo se travou de razões com o alfaiate Meireles

Acontece…
Dom Rodolfo travou-se de razões
Com o alfaiate Meireles
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o reles!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou o alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou o alfaiate
O quanto vale ser alfaiate!

II – Quando o alfaiate Meireles se travou de razões com dom Rodolfo

Acontece…
Desta vez foi o alfaiate Meireles que se travou de razões
Com dom Rodolfo
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o balofo!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!

III – Quando o filho de dom Rodolfo se travou de razões com o filho do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o filho de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o filho do alfaiate Meireles
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho reles!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos de dom Rodolfo e do alfaiate Meireles
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre!–
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

IV – Quando o filho do alfaiate Meireles se travou de razões com o filho de dom Rodolfo

Acontece…
Desta vez foi o filho do alfaiate Meireles que se travou de razões
Com o filho de dom Rodolfo
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho balofo!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos do alfaiate Meireles e de dom Rodolfo
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou a honra do filho de dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou a honra do filho de dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!

V – Quando o pai de dom Rodolfo se travou de razões com o pai do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o pai de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o pai do alfaiate Meireles
Meteram-se os filhos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia idosos
A coisa resolveu-se com os filhos
O seu pai mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um pai reles!

(…)

(é uma lengalenga que, com as devidas adaptações, pode meter a criada (“como metia criadagem / a coisa resolveu-se com os patrões”), o vizinho, etc.. Ao gosto e imaginação de cada um…)

Só mais esta:

VI – Quando o cão de dom Rodolfo mordeu o cão do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o cão de dom Rodolfo que mordeu
O cão do alfaiate Meireles
Meteram-se os donos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia canídeos
A coisa resolveu-se com os donos
O senhor não sabe dar educação ao seu cão?
Respondeu-lhe o Meireles:
Já falei com ele, diz que sim,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um cão reles!

(…)


(1. «Duelo» - Wikipedia; 2. Dicionário: a) duelo: combate singular entre duas pessoas, precedido de desafio ou repto, escolha de testemunhas e indicação de local e armas; contenda entre dois indivíduos ou dois Estados desavindos; luta com armas iguais; b) sacramento: a confissão, a comunhão e a extrema-unção, que os católicos recebem, quando em perigo de morte; c) extrema-unção: um dos sete sacramentos, que se confere a um doente em perigo de vida; d) afilhado: o que é apadrinhado no baptismo, no registo de nascimento, no casamento ou em acto de doutoramento; protegido; favorecido; não sendo aqui o caso, é também a testemunha de um duelo; e) chilique ou chelique: este, termo popular, significando delíquio, desmaio nervoso, desfalecimento, perda dos sentidos.)

Sunday, October 11, 2015

Só mesmo engolindo o bloco...


















(1. A entrevista: “Só engolindo o Bloco o PS pode ganhar eleições” (Entrevista a Nuno Garoupa, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos) - Expresso de 2015/10/10; 2. Nota: composição com recurso a imagens disponíveis na Web)

Saturday, October 10, 2015

Viva o professor Marcelo!

Zig e Zag falam da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República (cartoon):

















(1. As notícias: «Marcelo na terra da avó Joaquina»«Marcelo: "Cumprirei o dever moral de pagar a Portugal o que Portugal me deu"» - Expresso e Público de 2015/10/09; 2. «O dia em que Marcelo mergulhou vestido à Maria Cachucha» - Jornal Expresso; 3. Marcelo Rebelo de Sousa neste «blog» - duas leituras: a) «Professor Marcelo? Ou Professor Pardal?»; b) «Um leitão de bom calibre é coisa que nunca se esquece!»)

Wednesday, October 07, 2015

Saturday, October 03, 2015

O silêncio eleitoral do Zig e do Zag

Zig e Zag, tal como os restantes portugueses(?), também entraram em silêncio, visto que é o período de reflexão eleitoral (cartoon):

















(1. Uma opinião que talvez venha a propósito: «As campanhas eleitorais já não são o que eram…» - Público de hoje; 2. Ainda a propósito: «Homem-de-neandertal» - Wikipedia e «Yo-Nander-Tal» - neste «blog».)

Wednesday, August 26, 2015

No velho Oeste americano…

Zig e Zag falam do velho Oeste americano (cartoon):

















(1. «Deus tem uma tesoura mágica que pode cortar a corda da forca» - «in» Madeira de Buxo (Madera de Boj (1999)), de Camilo José Cela; 2. A propósito: «Camilo José Cela» - Wikipedia; 3. Ainda a propósito: «Velho Oeste» e «Cowboy» - Wikipedia; 4. E uma «Conversa de morcegos» com uma tesoura (neste «blog»))

Saturday, August 22, 2015

Cesteiro que faz um cesto faz um cento

Ouvidos peludos
Orelhas de lince
Sorriso nas ventas
Mamas de velha
Tomates de cão
Cauda em bifurcação
Umbigo de fora
Coisa em pistola
Ombros encolhidos
A dizer não:
Não fui eu que roubei os enchidos
Dessa estou inocente
E cesteiro que faz um cesto faz um cento
Está visto que foi o Vicente

























Venho de dar à volta à Terra
De me divertir
E passei e nem vi o reco ir à faca
Népia de salpicão ou toucinho
Ou papas de sarrabulho
Por favor não me metam nesse barulho!
Estou inocente
Foi o Vicente


(1. Em cima: O Diabo num dos seus passeios, "a cavalo" de lixo espacial, podendo-se ver que é um "tipo" de grande beleza; 2. «Então, perguntou Deus a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu: De rodear a terra e passear por ela» - O «Livro de Jó», Antigo Testamento (1:7); 3. Mais coisas sobre o «Diabo» neste «blog»)

Wednesday, August 19, 2015

Rosa Bugairido



(1. «Rosa Bugairido suicidou-se há coisa de três anos atirando-se ao mar da falésia do cabo Vilán, um olho e parte dos miolos ficaram colados aos percebes da maré baixa, o cadáver levou-o o mar para a grande praia de Traba, onde esteve encalhado há já alguns anos um raro cachalote com cornos, ao norte da ponta de Laxe.» - «in» Madeira de Buxo (Madera de Boj (1999)), de Camilo José Cela; 2. A propósito: «Camilo José Cela» e, já agora, «Pollicipes pollicipes» - Wikipedia; 3. Composição, em cima, a partir de imagens disponíveis na Web: no caso, o inspector Clouseau.)

Saturday, August 08, 2015

Apocalipse - III















«Post» anterior: «Apocalipse - II»


(1. «Apocalipse» - Wikipedia; 2. Desenho a caneta e aguarela (2013), composto agora digitalmente)

Apocalipse - II
















«Post» anterior: «Apocalipse - I»; «Post» seguinte: «Apocalipse - III»


(1. «Apocalipse» - Wikipedia; 2. Desenho a caneta (2013), composto agora digitalmente)

Apocalipse - I















«Post» seguinte: «Apocalipse - II»


(1. «Apocalipse» - Wikipedia; 2. Desenho a caneta e aguarela (2013), composto agora digitalmente)

Friday, August 07, 2015

Caçar gaivotas com anzol

Zig e Zag falam do que acontece por andar a caçar gaivotas com anzol (cartoon):

















(1. a) «Cornecho, o sacristão Celso Tembura, tem um escape no sentimento, já se disse que tem a consciência de tatebitate, e caça gaivotas com anzol (...)»; b) «(...) os infiéis (...) cospem para o ar para que as gaivotas se desorientem e se desfaçam contra as rochas (...)» - «in» Madeira de Buxo (Madera de Boj (1999)), de Camilo José Cela; 2. «Camilo José Cela» - Wikipedia)

Saturday, July 11, 2015

Rimas do Tono cozinheiro

O Tono cozinheiro
Das batatas cheias de óleo
Ganhava muito dinheiro
Tinha um fogão a petróleo

Se os ovos caíam ao chão
Para o lixo é que não iam
Eram comidos com pão
E que bem que sabiam!

Namorava com uma prima
Discutia futebol
Não sabia uma rima
E nada d’Alves Redol

Se a música era paixão
Cassetes não lhe faltavam
Tinha prá’i um milhão
Som que os amigos gostavam

Certo dia foi-se embora
P’ra se casar lá na terra
Veio um cozinheiro de fora
Dos lados de Salvaterra…

E Tono também se chamava.

De modo que a história começa assim:

O Tono cozinheiro
Das batatas cheias de óleo
Ganhava muito dinheiro
Tinha um fogão a petróleo

Se os ovos caíam ao chão…


(1. A propósito: «Alves Redol» - Wikipedia; 2. Outras «lengalengas» neste «blog»))

Saturday, April 11, 2015

Parte final do testamento

«Maria,

Quando for a sepultar tem o cuidado de verificar que me ponham a mão esquerda sobre a direita – ao contrário do que fazem –, dada a minha preferência pela esquerda. Pede ao cangalheiro que me não corte o fato nas costas: já me bastou que em vida me cortassem tantas vezes na casaca sem eu saber. A razão é simples: quero despertar na Noite dos Defuntos da tumba e dançar com os meus colegas aquele thriller do Michael Jackson sem que pareça um farrapo humano e também para que não se assustem comigo, caso me vejam.



Se puderem deixar um copito de maduro tinto de vez em quando eu cá me arranjo. Pelo Natal podem deixar uma fatia de bolo-rei e um naco de queijo da serra e também um Porto – mas cuidado para que não os roubem! (o mesmo pela Páscoa, aniversário e festas principais – substitui o rei pelo pão de ló ou bolo de chocolate) Pedia-te também que me não pusessem velas por conta dos meus pecados em vida – não há necessidade de o pessoal saber se foram muitos ou poucos. É tudo quanto te peço.

Cá te espero,

Teu João.»

O bando dos cardeais...

não dava descanso ao cardeal nem o cardeal aos cardeais


(Dicionário: cardeal: brasileirismo e gíria de gatunos; polícia; guarda-nocturno.)

Thursday, April 09, 2015

"Habito (O) não faz o monge"

mas dá para o reconhecer

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Envenenamento pelas amendoas amargas"

pelos pinhões, nozes e avelãs aquando do Natal - cuidados a ter

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Em Alverca não existem tumulos de cavalleiros templarios"

o que é uma grande perca

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: perca: forma popular para perda, prejuízo, dano; 2. «Ordem dos Templários» - Wikipedia; 3. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Destino (Do) da sciencia"

e da religião, sua eterna rival

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Tuesday, April 07, 2015

"Duas palavras sôbre um communicado"

Sim, concordo.

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Conhecimentos-uteis"

ainda que por vezes pareçam inúteis

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Crise (A) financeira"

portuguesa é um caso de predisposição natural, como na doença.

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: predisposição: no sentido patológico, a causa patente ou oculta que prepara o organismo, para, num prazo mais ou menos longo e segundo graus de vária intensidade, sofrer determinadas doenças; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Cantora (Uma) portugueza em França"

Canta e encanta em qualquer língua

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Barba (Da)"

e (do) cabelo

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Agua celeste"

Puríssima!

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Artes e sciencias na China"

Ilustrações a tinta da china

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Wednesday, January 21, 2015

"Venenos deliciosos"

devem ser usados com parcimónia

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: parcimónia (e parcidade): qualidade do que é parco; acto de poupar; economia; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Tuesday, January 20, 2015

"Vampiro"

romeno vem prosseguir os seus estudos em Portugal

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. A propósito: «Vampiro» - Wikipedia; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Trabalho nos dias sanctificados"

é trabalho abençoado

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Friday, January 16, 2015

"Toiros no Campo de Sancta Anna matam um homem"

Toiros estão bem

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Sina de um sino"

foi rachar e deixar de tocar

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Senhora fugida"

Marido está de rastos!

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: estar de rastos: estar desolado, extremamente triste, inconsolável; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Friday, January 09, 2015

"Saloio logrado n'uma cautella"

na primeira vez que veio a Lisboa

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: a) saloio: diz-se de camponês ou aldeão dos arredores de Lisboa; b) logrado: aqui, com o significado de burlado, enganado; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Romantica teima de burro"

por causa de uma jumenta

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: jumenta: a fêmea do burro (jumento ou asno); 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Rol de desgraças"

As dez mais badaladas

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Ressuscitado"

foi ainda a tempo de ir à missa das almas

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(1. Dicionário: missa das almas: a primeira missa antes do nascer do sol; a que se diz pelos defuntos; 2. Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

"Respeitador do passado"

ultrapassado pelas circunstâncias

(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)


(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))

Friday, January 02, 2015

Um galo que não chegou a 2015

Zig e Zag falam do novo ano 2015 (cartoon):

















(Dicionário: a) Indução: Generalização a que se chega após a observação de casos particulares que se repetem: O “nosso galo” todas as manhãs acordava e cantava; da observação repetida dia-a-dia imaginou-se a morrer de velhice, sem nunca ir à faca. Nada mais errado!; b) Têmpera (aqui em sentido figurado): modo, estilo, gosto; Têmpera (entre outros sentidos): o banho em que se tempera o aço ou os metais.)