(1. Francisco Louçã em «O criminoso foi obviamente o mordomo» (Público de 2014/12/10):
«Chegamos aos culpados, um administrador angolano que muito “incomodou” os generais accionistas, um contabilista de Miami que terá sido o responsável por gerir a holding e criar o buraco de biliões de euros, que andará por parte incerta, um primo que andaria na solicitação de “contrapartidas”, um governador do Banco de Portugal que não facilitou o empréstimo salvífico. Com todos estes aborrecimentos, “o banco não faliu”, faliram-no. Mesmo assim, com toda a cabala, Ricardo Salgado, ele próprio, num gesto magnânimo e desprendido, devolveu Portugal aos seus donos, todos nós, encerrando o episódio com a grandeza dos aristocratas.»
(Como sinopse de um filme, promete!)
«(...) Quer então saber quem é o Mundinho e quem é o Coronel nesta história? Não interessa. Se houve crime, e não me citem como sugerindo que houve tal, é só para supormos, se houve crime, o culpado, como não podia deixar de ser, foi o mordomo.»;
2. Raquel Varela em «Da Justiça e do Regime» (2014/11/26):
«A conclusão óbvia para quem como eu tem o privilégio de estudar história, é que a crise económica diminui o tamanho do bolo estatal a dividir entre as fracções que governam o Estado e essa luta interna levou a uma sucessão de denúncias que fazem cair os pilares do regime como um castelo de cartas. Weber dizia que os tecnocratas do Estado perdem a imaginação em tempos de crise, Marx dizia que a destruição de capital para repor as taxas de lucro levava a lutas “entre as fracções da burguesia” deixando a nu a forma instrumental e totalitária com que usam o Estado. Não sei se há algum teórico central das ciências sociais – dos marxistas aos liberais – que tenha ignorado este efeito corrosivo do Estado que são as crises, e que o povo celebrou no popular “zangam-se as comadres, contam-se as verdades”. Ou seja, dito de outra forma, a justiça não actua só porque está de um lado ou de outro mas porque agora lhe chegam dados evidentes para actuar e antes esses dados e muitos meios de acesso e trabalho estavam bloqueados por um pacto de regime que a curta divisão do bolo fez abalar. Esta é a essência da questão em curso, na minha opinião.»;
3. Adaptação ao cartaz do filme «O Mordomo» e a sinopse: «Baseado em fatos verídicos, o filme conta a história de um mordomo negro que serviu 8 presidentes na Casa Branca, durante o período de 1952 e 1986. A partir deste ponto de vista único, o filme traça as mudanças dramáticas que abalaram a sociedade Americana, desde o movimento pelos Direitos Civis, até à Guerra do Vietname, e a forma como essas mudanças afetaram a vida e a família deste homem.», «in» Sapo Cinema)
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