Thursday, January 25, 2024

Buscas na Madeira. Os pensamentos de Pedro Calado no avião que o transportou para Lisboa



(A notícia: «Pedro Calado já está a caminho de Lisboa» - Jornal da Madeira de 2024/01/25)

Buscas na Madeira e Programa Económico da AD

Depois das buscas de ontem na Câmara Municipal do Funchal, na residência oficial de Miguel Albuquerque e em departamentos do Governo Regional, que marcaram e continuam a marcar os noticiários (relegando para segundo plano outras notícias), a apresentação do Programa Económico da AD, ao fim da tarde de ontem, ficou assim:



(Para quem falhou ao programa económico da AD aqui ficam as notícias: a) «AD apresenta programa económico» - RTP de 2024/01/24; e b) «Programa económico. AD quer salário médio nos 1.750 euros e economia a crescer 3,4% em 2028» - Idem, em 2024/01/25)

Wednesday, January 24, 2024

Buscas na Madeira. A balança de Luís Montenegro



(As notícias ao longo do dia:


Nota: composição, em cima, a partir de imagens disponíveis na Web.)

Tuesday, January 23, 2024

O ChatGPT responde a Luís Montenegro na Convenção da AD



(A notícia: «Montenegro põe as fichas todas no voto útil contra “geringonça 2.0”» – Diário de Notícias de 2024/01/21 (“O PS e o seu candidato [Pedro Nuno Santos] querem subtrair às pessoas e às empresas o máximo de impostos (...) para as amarrar aos subsídios e às ajudas, empobrecer para enfraquecer, enfraquecer para amarrar, amarrar para perpetuar”))

Saturday, January 20, 2024

A Direita está em cacos

André Ventura confirmou este Sábado que os ex-deputados do PSD António Maló de Abreu e Manuel Magno vão integrar a candidatura do CHEGA pelo círculo fora da Europa e criticou a AD por admitir viabilizar um eventual governo minoritário do PS mesmo que haja uma maioria CHEGA, PSD e IL.

Com tanto desespero a Direita não se entende e faz lembrar o vaso da Beatriz que o Tobias abalroou (o Tobias é um labrador). Se isto for um sinal, que venham muitos Tobias, Malós e Magnos!





2024/01/26, Diário de Notícias: «Após polémica, Maló de Abreu já não vai ser candidato pelo Chega» ("O ex-deputado do PSD Maló de Abreu anunciou esta sexta-feira que desistiu de integrar as listas do Chega às legislativas de 10 de março, na sequência da polémica com a sua residência em Luanda", quando "viveu "maioritariamente entre Lisboa e Coimbra" ao longo desta legislatura.")

Friday, January 12, 2024

Gato-espantalho

A terra acabou de ser semeada e a passarada já anda à bulha. Mas o gato-espantalho (língua de gato e cornos de touro!) toma conta do assunto. Mas... até quando? É que os pássaros hoje estão muito evoluídos!



(1. A propósito: «Gato» - Wikipedia; 2. Ainda a propósito: «Scarecrow» (Espantalho) - Idem; 3. Fotografia gentilmente cedida.)

Wednesday, January 10, 2024

Uma casa de banho forrada a ouro e outra a veludo

Zig e Zag falam do roubo de uma sanita de 5,5 milhões de euros e brincam com isso (cartoon):


Na verdade, só a entrada é que era secreta. Um alçapão por baixo do tapete? Por baixo da cama? Uma parede falsa? Nunca se soube e não é agora que se vai saber. Com o tempo, o Zag e o irmão deixaram de brincar às picardias dos quartos secretos e nunca mais esclareceram este assunto.


(1. A notícia: a) «Quatro homens acusados de roubar sanita de ouro do Palácio Blenheim» (o crime aconteceu em Setembro de 2019) - Observador de 2023/11/07; e b) «Presentes a tribunal suspeitos de roubar sanita de ouro de palácio» (o julgamento ficou marcado para o início de 2024) - Mundo ao Minuto, 2023/11/28; 2. Já agora: «Maurizio Cattelan» (artista Italiano, “conhecido por suas satíricas e controversas esculturas”, entre as quais “America” - a sanita que aqui se fala.) - Wikipedia)

Rick Harrison no Conselho Nacional do CDS - 2024/01/04

Dizem que o CDS-PP tem os melhores quadros, quando comparado com o seu principal parceiro, o PSD. Fomos investigar e encontramos um desses quadros: Rick Harrison.

Rick Harrison, o filho do Velho (Old Man), é o antiquário mais famoso do mundo. O estabelecimento fica no início de Sunset Boulevard, em Las Vegas, e valeu-lhe uma série no The History Channel (Canal História, em Portugal) com o nome "Pawn Stars" (em Portugal, O Preço da História).

Rick Harrison nunca gostou de estudar mas adora ler. Adquiriu, com o seu trabalho, um vasto conhecimento e experiência de vida. Não espanta, pois, que o vejamos no Conselho Nacional do CDS no Largo do Caldas, em Lisboa, na noite do passado dia 4 e vésperas da assinatura do acordo da nova AD (dia 7).

Se não acreditam, vejam e adivinhem qual deles é:



(1. A notícia: «Aliança Democrática vai dar dois lugares elegíveis ao CDS» - RTP de 2024/01/05; 2. Quem é «Rick Harrison» - Wikipedia; 3. O programa: «Pawn Stars» - Idem; 4. O vídeo da loja: «O preço da História» - Canal História (YouTube); 5. Já agora, o pai de Rick Harrison: «Quem foi Richard Harrison, “o velho” de “O Preço da História”?» - MAGG Sapo; 6. Nota: composição a partir de imagens disponíveis na Web.)

Tuesday, January 09, 2024

Assinatura do Acordo da Aliança Democrática 2024 - O Hino Nacional

Assinatura do Acordo pelos partidos da coligação Aliança Democrática (AD) na Alfândega do Porto (PSD (Luís Montenegro), CDS-PP (Nuno Melo) e PPM (Gonçalo da Câmara Pereira). A coligação engloba Independentes) - 7 de Janeiro de 2024.

No fecho cantou-se o Hino Nacional. Todos, menos um. Quanto aos restantes...



Assinatura do Acordo da Aliança Democrática 2024 - Uma sala a ferver!

Assinatura do Acordo pelos partidos da coligação Aliança Democrática (AD) na Alfândega do Porto (PSD (Luís Montenegro), CDS-PP (Nuno Melo) e PPM (Gonçalo da Câmara Pereira). A coligação engloba Independentes) - 7 de Janeiro de 2024



Monday, January 08, 2024

Discurso de Pedro Nuno Santos no encerramento do 24.º Congresso Nacional do PS

FIL, 2024/01/07.
(Sempre que possível, os parágrafos acompanham os aplausos)

(agradecimentos e cumprimentos)

Nova etapa

"Nas palavras que ontem vos dirigi disse-vos que nos últimos oito anos António Costa não se limitou a virar a página da austeridade. Na verdade, os governos liderados pelo nosso primeiro-ministro escreveram um capítulo inteiro, recheado de avanços para a história da nossa democracia. 

Esse capítulo está prestes a ser encerrado. Agora é a nossa vez de iniciar uma nova etapa e é sobre nós que recai a enorme responsabilidade de escrever um novo capítulo no livro da governação do PS e do desenvolvimento do nosso país. 

Essa responsabilidade chega num ano muito especial. 

"Em 2024 cumprir-se-ão 50 anos de democracia. Isto significa que praticamente metade da população portuguesa terá nascido, como eu, depois do 25 de Abril de 1974. Graças à luta de tantos, estes são aqueles que, como eu, tiveram a possibilidade de viver toda a vida numa sociedade com um Estado de Direito Democrático e Social, com eleições livres, liberdade de expressão e de associação, uma justiça independente e serviços públicos que têm por objetivo garantir a educação de todos desde cedo, cuidar da saúde de todos e que a todos protegem ao longo da vida, independentemente da origem de cada um. 

Talvez por não termos vivido num tempo passado em que nada disto existia possamos esquecer que a Democracia e o Estado Social são as maiores construções colectivas que fomos capazes de erguer e que associamos como conquistas irreversíveis. 

Mas não são. Nada o é. Os exemplos de movimentos anti-democráticos são visíveis em todo o mundo e já chegaram à Europa. Por isso, no momento em que cumprimos 50 anos da Revolução que nos devolveu a liberdade e a democracia precisamos de reafirmar os nossos valores e de apresentar as nossas ambições.

Camaradas! Abril é a nossa referência, a nossa âncora moral, a âncora da nossa memória e a âncora das nossas expectativas e sonhos para o futuro. Sim, Abril não é só passado, é também futuro.

O que nos falta fazer

"Não é só aquilo que fizemos melhor ou pior durante o último meio século, é também o que nos falta fazer por fidelidade ao espírito daqueles que lutaram e construíram a democracia e por responsabilidade em corresponder às expectativas das gerações actuais e vindouras. O Partido português que melhor concretizou no passado, que melhor expressa hoje e que está em melhores condições de traduzir no futuro os valores de abril, é o PS.

Valores. Problemas da comunidade.

"Nenhum partido contribuiu tanto como o PS para enfrentar os desafios dos últimos 50 anos e nenhum partido neste país tem maior determinação do que o PS para responder aos desafios que se colocam no futuro. Mas para isto temos de nos questionar constantemente. O que faz de nós socialistas democráticos? Para onde aponta a nossa bússola moral? O que vem afinal antes de tudo o resto? Para mim é claro: os valores morais da empatia, da cooperação, da generosidade, do respeito mútuo, da reciprocidade nos laços que mantemos com os outros e com os seus problemas, com os problemas da comunidade. Estes são os nossos valores primeiros. Com eles escrevemos a nossa Constituição moral. São eles que ligam as nossas razões às nossas emoções. Mas estes valores têm de ter tradução concreta. O que lhes dá força é mesmo o facto de nos ajudarem a compreender e a agir aqui, agora. O primeiro passo para compreender o mundo é aceitar, com humildade, que enquanto seres humanos vivemos em interdependência, que desligados dos outros somos mais vulneráveis, e que precisamos dos outros para agir. É por isso que aprendemos a cooperar, a fazer coisas em conjunto. É isso que a expressão “a união faz a força” quer dizer: que é através da união, da cooperação, que os fracos se tornam fortes.

É da cooperação, da reciprocidade, da empatia, que nasce uma comunidade nacional com quem partilhamos uma história, com quem construímos um futuro. Uma comunidade que nos confere direitos e liberdades mas que também nos impõe deveres e obrigações. Que nos permite crescer como pessoas, como pais e como filhos, como pessoas capazes de amar, e como amigos, como colegas e como vizinhos, como trabalhadores e como empresários. É a tomada de consciência de que vivemos numa comunidade nacional que nos pode ajudar a transformar, para melhor, a nossa vida individual e colectiva. É também esta visão que nos separa da actual Direita que ao defender o lema individualista do “cada um por si” organiza o mundo em função de uma competição geradora de poucos vencedores e muitos vencidos.

Para nós os problemas resolvem-se mais através da cooperação do que da competição e mais através da ideia de responsabilidade recíproca do que da meramente individual. É por isso que, para nós, os problemas dos outros são os nossos problemas, são os problemas de todos. Quando um trabalhador tem salários baixos e vive em situação de precariedade esse é um problema da comunidade. Quando um empresário enfrenta a concorrência desleal este é um problema da comunidade. Quando um pensionista tem uma pensão tão baixa que tem de escolher entre comprar os medicamentos de que necessita ou aquecer a sua casa esse é um problema da comunidade. Quando uma família não consegue encontrar ou arrendar casa onde se sinta confortável, porque o seu rendimento não suporta a renda que lhe exigem, esse é um problema da comunidade. Quando um jovem abandona a escola antes de cumprir o ensino obrigatório esse é um problema da comunidade. Quando enfrentamos as consequências das alterações climáticas este é um problema da comunidade, de todas as comunidades. Por serem problemas da comunidade cooperamos para os resolver.

E por serem problemas da comunidade quando os resolvemos a vida de todos e de cada um melhora. Juntos cooperamos para proteger a dignidade no trabalho e reforçar os salários, mesmo que o trabalhador não seja nosso irmão. Juntos cooperamos para que os empresários tenham condições para desenvolver os seus projectos e para que estes criem valor. Juntos cooperamos para aumentar as pensões e reduzir os custos de acesso à energia, mesmo que o pensionista não seja nosso avô. Juntos cooperamos para que o casal possa encontrar uma casa onde possa viver com dignidade e conforto, mesmo que não sejam da nossa família. Juntos cooperamos para evitar que o jovem abandone a escola e possa melhorar a sua aprendizagem, de modo a concluir os seus estudos, mesmo que não seja o nosso filho. Juntos cooperamos para assegurar a transição energética e um sistema de transporte ambientalmente sustentável. Cooperamos, porque para nós os problemas de uns são os problemas de todos.

As ambições de um país

"É por isso que os nossos valores, a consciência da nossa interdependência e a nossa capacidade para construir coisas em conjunto geram expectativas e ambições legítimas, porque queremos para o nosso país, para os que estão vivos e para os que estão para nascer. Um país é uma cadeia de gerações. A ambição de um país desenvolvido, dinâmico e criativo, de empresários e trabalhadores, de produtores que não esquecem as gerações vindouras, onde ninguém é de facto esquecido, onde todos se sentem cidadãos de pleno direito, onde ninguém é invisível, descartável, ou visto como um fardo.

A ambição de um país onde os trabalhadores sociais e os trabalhadores manuais são tão respeitados quanto os trabalhadores intelectuais. Um país onde as mulheres não têm de trabalhar mais ou desistir de progredir na carreira para cuidarem da família.

Um país em que todas as crianças são cuidadas e educadas. Um país onde os jovens podem realizar os seus sonhos, ter a sua casa e criar as suas famílias sem terem de adiar o momento da sua emancipação. Um país onde os mais velhos são respeitados e valorizados, onde uma vida de trabalho corresponde a uma reforma digna, onde ninguém é esquecido, abandonado ou deixado isolado o resto da sua vida.

Um país onde quem trabalha se sinta respeitado, reconhecido e valorizado. Onde cada um conta. Onde o contributo de cada um para a comunidade é considerado. Onde todos são reconhecidos como indispensáveis a uma vida em comunidade. A ambição de um país onde o Estado Social é a melhor tradução da ideia de comunidade, uma comunidade de direitos e deveres. Este é o grande mecanismo para reduzir a desigualdade de oportunidades e para desenvolver as potencialidades de todos. Um país que se organiza de forma a garantir cuidados de saúde a quem necessita deles em condição de tempo e qualidade compatíveis com um país desenvolvido. Onde os profissionais de saúde se sentem respeitados e motivados para se dedicarem à comunidade através do Serviço Nacional de Saúde.

Um país onde a escola pública tem qualidade e permite o desenvolvimento pleno das nossas crianças e dos nossos jovens, independentemente de onde nasceram e dos recursos das suas famílias. Uma escola pública onde os professores se sentem reconhecidos e motivados para fazerem da escola portuguesa um espaço de florescimento e progresso intelectual.

Um país onde a descarbonização da economia não é um luxo mas uma necessidade vital de uma comunidade que quer viver em cidades respiráveis, em cidades, vilas e aldeias servidas por fontes de energia renováveis - grande aposta de sempre do PS, como grande aposta é um sistema moderno de transportes colectivos, de que a ferrovia é um dos eixos centrais.

Um país onde a habitação não é um bem de luxo, onde a comunidade consegue construir um parque público que dê resposta às necessidades, não só da população desfavorecida mas também da classe média. Um país onde o sistema público de pensões paga pensões dignas a quem trabalhou uma vida inteira mas que não depende só das contribuições dos trabalhadores para se financiar. Não queremos, não queremos um país na média europeia, ambicionamos um país de topo, no topo da qualidade de vida, da segurança e da inovação.

Não queremos ser a periferia do continente europeu, queremos ser o centro que liga o Atlântico à Europa. Para isso precisamos mesmo do contributo de todos os que vivem aqui, dos que foram viver para outros países e dos que aqui querem voltar a viver sem exclusões.

Desafios para a Economia: o problema da pulverização de apoios

"Para podermos realizar estes nossos sonhos e ambições teremos de conseguir vencer o desafio da transformação estrutural da nossa economia. Esta tem mesmo de ser a nossa primeira e principal missão: alterar o perfil de especialização da nossa economia. Só com uma economia mais sofisticada, diversificada e complexa podemos produzir com maior valor acrescentado, pagar melhores salários e gerar as receitas para financiar um Estado Social avançado. De forma intensa e continuada temos que investir na educação, na produção de conhecimento, na transferência do conhecimento para as empresas e na inovação nas nossas empresas. Mas se quisermos obter resultados temos de fazer mudanças fundamentais no que tem sido feito: o sector privado pode e deve investir onde bem entender, como em qualquer economia de mercado, mas o Estado tem obrigação de fazer escolhas quanto aos sectores e tecnologias a apoiar. Dir-me-ão: “foi isso que se fez ao longo das últimas décadas”, mas não é inteiramente verdade. Em Portugal, a incapacidade de dizer “não” levou o Estado a apoiar de forma indiscriminada empresas, sectores e tecnologias independentemente do seu potencial de arrastamento da economia.

A incapacidade de fazer escolhas levou a que sucessivos programas de incentivos se pulverizassem em apoios para todas as gavetas de forma a assegurar que ninguém se queixava. O problema da pulverização dos apoios é que depois não há poder de fogo, não há capacidade do Estado de acompanhar, não há recursos suficientes para transformar o que quer que seja.

Sistema de incentivos

"Atenção! Não devemos rejeitar um sistema de incentivos que tenham uma componente horizontal, isto é, uma componente destinada a financiar a formação, a inovação e a internacionalização, independentemente do sector onde a empresa actua. Devemos é acentuar a dimensão vertical do sistema de incentivos e intensificar o grau de selectividade que permita garantir a concentração de recursos necessários para desenvolver aqueles sectores ou tecnologias capazes de arrastar processos de transformação económica.

Especialização da economia

"Os sucessivos programas de incentivos em Portugal foram dos que sistematicamente apresentaram menos selectividade na União Europeia. É tempo de ser claro e fazer escolhas, porque governar é escolher. Só conseguiremos transformar a economia com mais dinheiro para menos sectores. É preciso fazer escolhas com base nas competências empresariais, científicas e tecnológicas já existentes em Portugal. A base é o que temos. O destino é a alteração do perfil de especialização da economia portuguesa. Sem isso não haverá maior e melhor criação de riqueza, empregos bem remunerados e serviços públicos robustos.

Economia: três programas

"Num primeiro plano, a política económica deve continuar a apoiar a formação, a inovação e a internacionalização das empresas que apresentem bons projectos, independentemente do sector onde se insiram. Devemos apresentar, desde logo, um programa de desburocratização e simplificação, elaborado em diálogo e com a participação das empresas portuguesas, que reduza de forma substancial os obstáculos ao investimento, sempre com transparência e no respeito pelo ambiente;

Segundo, um programa para a capitalização das novas empresas que promova o acesso a formas alternativas e complementares ao financiamento bancário;

E, terceiro, um programa de apoio à internacionalização, que seja mais do que um programa de apoio às exportações e que tenha a ambição de ter um maior número de empresas portuguesas internacionalizadas, isto é, com presença Internacional.

Economia: plano para uma década

"Num segundo plano -  e talvez mais importante - a política económica portuguesa deve fazer escolhas, isto é, ser mais selectiva: devemos assumir um desígnio nacional para a próxima década; selecionar um número mais limitado de áreas estratégicas onde concentrar os apoios durante uma década; concentrar a maior parte dos apoios nestas áreas, na investigação nestas áreas, nos centros de transferência de conhecimento destas áreas, no desenvolvimento de produtos e tecnologias destas áreas e nas empresas, com projectos que se insiram nestas áreas estratégicas.

A seleção deve ser naturalmente participada e discutida. Deve ser transparente e objectiva. Tem de haver competências empresariais, tecnológicas e científicas, potencial de crescimento e de arrastamento e consequências na resolução de problemas específicos da sociedade portuguesa. E para isso vamos ter de escolher com os agentes económicos, a academia e o país as áreas estratégicas para desenvolver na próxima década. Queremos a nossa economia mais rica e desenvolvida. Sabemos que é possível. Só temos que decidir e agir.

Salário mínimo

"Camaradas! As nossas prioridades e políticas traduzem os nossos valores e respondem aos desafios que o país enfrenta hoje e no futuro. Em muitas áreas os governos socialistas deram início a reformas e construíram soluções de médio e longo prazo, que devemos prosseguir e concretizar. Quando formos governo não vamos pôr tudo em causa. Nós não andamos a brincar às reformas, não mudamos por mudar, mas nas áreas que mais preocupam o nosso povo precisamos dar um sinal do que queremos fazer no futuro em resposta aos seus problemas.

Uma das preocupações da grande maioria dos portugueses está no baixo nível dos seus salários. O país avançou muito nos últimos 8 anos, mas temos consciência de que há muito para fazer. O governo actual havia definido como meta o aumento do salário mínimo nacional dos atuais 820 – em 2015 eram 505 - para 900, até 2026. Nós propomos que no final da próxima legislatura, em 2028, o salário mínimo atinja, pelo menos, os 1.000 euros.

Salário médio

"Neste âmbito também devemos rever o acordo de rendimentos recentemente negociado em concertação social de modo a que ao aumento do salário mínimo possa estar associado o aumento dos salários médios.

Pensões

"Os salários de hoje são a base das pensões futuras. Em relação à política para as pensões, cumpriremos a lei que regula a sua actualização garantindo uma subida mínima para as pensões mais baixas. Os pensionistas sabem que podem contar com o PS nesta área. Ao contrário do PSD nós confiamos no sistema público de pensões, não o queremos desmantelar, privatizar ou plafonar.

Outras fontes de financiamento da Segurança Social

"Mas no que toca ao domínio da Segurança Social faremos mais. Hoje, o sistema público de segurança social é financiado sobretudo por contribuições sociais que dependem do nível de emprego. No entanto, a economia está em profunda transformação: a automatização, a robotização e a inteligência artificial têm um enorme potencial para aumentar a produtividade mas trazem desafios. Neste processo muitos sectores, altamente lucrativos mas com poucos trabalhadores, deixam de contribuir para o sistema de segurança social tanto quanto poderiam e deveriam. Por isso, pretendemos colocar à discussão e concretizar uma reforma das fontes de financiamento do sistema de segurança social para que a sustentabilidade futura deste não dependa apenas das contribuições pagas sobre o trabalho.

Indexante de actualização das rendas

"Em curso está a maior reforma na habitação ??? do actual parque público de habitação prevemos a construção e reabilitação de 32.000 fogos de habitação pública até 2026. Porém, no curto prazo, é também preciso regular melhor o mercado através de medidas que tenham em conta a realidade do passado recente. Nos últimos anos as rendas tiveram grandes aumentos, insustentáveis para muitas famílias. O valor mediano do metro quadrado nos novos contratos de arrendamento subiu em meia dúzia de anos, entre 2017 e os 9 primeiros meses de 2023, mais de 60%. Para fazer face a esta situação é nosso objectivo definir com o INE um novo indexante de actualização das rendas que tenha em consideração a evolução dos salários.

Inflação, rendas e salários.

"Quando a inflação é igual ou inferior a 2% a actualização das rendas continua a ser como ocorre hoje. Quando a inflação é superior a 2% a actualização das rendas terá de ter em linha de conta a capacidade das pessoas as pagarem, capacidade essa que é medida pela evolução dos salários, ou seja, em anos de inflação elevada a evolução das rendas não pode estar desligada da evolução dos salários.

Mudanças em curso no SNS

"Nos sectores da saúde e da educação há mudanças estruturais em curso postas em prática pelo actual governo que não desperdiçaremos. No caso do Serviço Nacional de Saúde a reforma que entrou em vigor no início do ano é a maior reforma do SNS das últimas décadas. Precisa de ser implementada e consolidada. As alterações na forma de gestão do SNS, a criação das Unidades Locais de Saúde, a aposta na prevenção, as alterações à forma de financiamento, a garantia de mais autonomia de gestão, a desburocratização de processos no SNS vão ser mudanças muito importantes no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. Mas há mais trabalho para fazer. Precisamos de investir na valorização da carreira médica para termos profissionais de saúde motivados para trabalhar no SNS.

Precisamos de investir na modernização dos equipamentos usados no SNS. E, sobretudo, precisamos de continuar a acreditar e a investir no SNS para que ele dê uma resposta de qualidade às necessidades dos portugueses mas para que também dê novas respostas a necessidades de sempre dos portugueses. 

Saúde oral

"Portugal apresenta sistematicamente maus resultados no que diz respeito à saúde oral. Sabemos bem que só conseguiremos superar esses maus resultados se a medicina dentária passar a ser uma realidade consistente no SNS.

Iremos promover um programa de saúde oral que, de forma gradual e progressiva, garanta cuidados de saúde oral aos portugueses no SNS e nesse esforço será fundamental a criação de uma carreira de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde. Queremos que a saúde oral dos portugueses passe a ser uma preocupação do nosso Serviço Nacional de Saúde.

Salários e carreiras dos professores

"A necessidade de garantir que o sistema público é capaz de atrair e reter mais profissionais também existe na escola pública. Trata-se de uma das áreas em que o nível de envelhecimento é mais expressivo e em que é premente o reforço de docentes que permita responder às necessidades identificadas no curto, médio e longo prazo. Nós não fazemos como o último governo das Direitas que, sem capacidade de planeamento, disse a professores para emigrar.

Iremos aumentar os salários de entrada na carreira docente tornando, desta forma, entre outras medidas, a profissão de professor mais atractiva e também daremos maior equilíbrio à carreira reduzindo as diferenças entre os primeiros e os últimos escalões. Tão ou mais importante que enunciar o que se quer fazer é ter capacidade de decidir, fazer e avançar, aqui e agora, nos problemas concretos.

Decidir

"Decidir. Curiosamente, a Direita transformou a principal função de um político - tomar decisões - numa coisa negativa, errada e indesejada, mas é compreensível. Para a Direita, decidir representa um pesadelo. Resulta, por um lado, do mantra que o mercado tudo resolve e, por outro lado, da sua inexperiência em preparação governativa.

É por isso que depois de 8 anos na oposição terão de estudar a solução para a alta velocidade, num país que já leva 30 anos de atraso em relação ao seu vizinho. Depois de mais 50 anos e 19 localizações estudadas, terão de criar um novo grupo de trabalho para estudar a localização de um aeroporto essencial para o desenvolvimento do país.

Avançar

"A verdade é que não podemos esperar. Portugal não pode esperar. Queremos decidir, queremos avançar, avançar é resolver os problemas e responder às legítimas ambições dos portugueses. Avançar é modernizar o país, qualificar o emprego e tornar a economia mais sofisticada e mais diversificada. Avançar é aumentar rendimentos e garantir justiça a quem trabalha e trabalhou toda uma vida. Avançar é olhar os jovens nos olhos e dizer-lhes que o país tem futuro para eles.

Ambição e estabilidade

"Avançar. Avançar com convicção e com responsabilidade, com visão e previsibilidade, com ambição e estabilidade. Estabilidade não é inércia, não é paralisia, não é indecisão. Estabilidade é antes a capacidade de uma nova liderança, manter um rumo disciplinado e em coerência com o passado e com os nossos valores, sem surpresas e sem rupturas.

Camaradas! Apresentamo-nos para este novo capítulo da nossa história com a mesma clareza nas ambições com que nos apresentámos até aqui. Queremos celebrar os 50 anos do 25 de Abril de olhos postos no futuro para defender as instituições democráticas, desenvolver e reformar o Estado Social e acelerar a transformação da economia portuguesa.

Dia 10 de Março vamos continuar a avançar. Juntos! Porque sabemos que isolados e sozinhos não vamos a lado nenhum. Concretizando, aqui e agora, um Portugal inteiro, que não se negoceia nem se divide!

Viva o PS! Viva Portugal! PS! PS! PS!"

 
(«Em direto: encerramento do 24.º Congresso do PS» (mais à frente, a partir dos 2:52:00, o discurso de Pedro Nuno Santos) - Observador (YouTube))

Discurso de António Costa no 24.º Congresso Nacional do PS

FIL, 2024/01/05
(Sempre que possível, os parágrafos acompanham os aplausos.)

(cumprimentos)

Saudações. A pluralidade do PS.

"Quero, naturalmente, começar por saudar o novo secretário-geral do Partido Socialista e desejar-lhe do Fundo do Coração todas as felicidades do mundo, as maiores felicidades. Primeiro, felicidades políticas, mas também as maiores felicidades pessoais. Você merece, Pedro Nuno. Força! Vamos em frente! Vamos ganhar as próximas eleições! 

Esta eleição demonstrou a vitalidade do Partido Socialista, a vitalidade de um partido que em pouco mais de um mês enfrentou uma situação muito difícil, diria até traumática, mas que conseguiu superar com uma mobilização absolutamente extraordinária dos nossos militantes que massivamente participaram nesta eleição do novo secretário-geral do Partido Socialista.

Um partido que honrou a sua história de pluralidade, sendo a eleição do Pedro Nuno Santos a de uma eleição participada, participada com a candidatura do Daniel Adrião, participada com a candidatura de José Luís Carneiro, a quem eu saúdo democrática e calorosamente pelo contributo que deram para a afirmação da qualidade do Partido Socialista.

É esta pluralidade que faz com que o PS não seja um partido qualquer na sociedade portuguesa, porque é um partido que representa um amplo espaço político, da esquerda e do centro, que só se representa e só tem representação aqui no Partido Socialista. 

Um partido que se mobilizou, que disputou de uma forma plural a liderança, mas que aqui está hoje, como é timbre do Partido Socialista, unido em torno da nova liderança, em torno do Pedro Nuno Santos, o nosso novo secretário-geral.


Uma nova geração. Um novo impulso.

"Um partido que demonstra a sua vitalidade. Que no ano em que celebramos 50 anos da nossa história passa o testemunho para uma nova geração: o Pedro Nuno é o primeiro secretário-geral do Partido Socialista que nasceu depois da fundação do Partido Socialista; o Pedro Nuno vai ser o primeiro primeiro-ministro que nasceu depois da Revolução de Abril.

E este é um sinal do significado do que é um partido que tem 50 anos, um partido que tem uma longa história ao serviço de Portugal e ao serviço dos portugueses. O Pedro Nuno nasceu no ano 1977 quando Mário Soares e Medeiros Ferreira pediram a adesão de Portugal à então CEE; atingiu a maioridade em 1985 quando António Guterres formou o nosso primeiro governo, e aqui está hoje líder do Partido Socialista para dar continuidade a estes 50 anos de história que têm muito futuro. 

Uma nova geração que significa necessariamente um novo impulso, uma nova energia e um novo olhar sobre os problemas, sobre as questões, sobre as soluções, e que vai seguramente, desta nova geração prosseguir o que devemos prosseguir, mudar o que devemos mudar, e fazer algo que cada uma das gerações do PS fez: acrescentar ao que as anteriores fizeram e dar novas respostas para os novos problemas. É isso que seguramente nós teremos com Pedro Nuno Santos.


Liberdade. Igualdade. Projecto europeu. Estado Social.

"O PS, Camaradas, é maior do que a soma de todos nós. O PS é um partido com uma longa história e é um partido, um grande partido nacional e popular. É um partido que tem uma identidade muito clara e que todos os portugueses conhecem. Nós somos o partido da liberdade e da democracia. Nós somos o partido do projecto europeu e da Europa connosco. Nós somos o partido do combate às desigualdades. Nós somos o partido da construção do Estado Social. Nós somos um partido que tem uma relação afectiva única com os portugueses - aqueles que dizem que nós somos o partido da mãozinha -, porque somos a relação afectiva de quem em todos os momentos de confrontação foi o partido da concórdia; que em todos os momentos de divisão fomos a ponte de união entre as portugueses e entre os portugueses; onde sempre houve um excluído nós fomos solidários. E nós somos aqueles que os portugueses sabem que nunca faltámos quando foi necessário, nunca faltámos nos momentos mais difíceis que Portugal e os portugueses tiveram que enfrentar.


Inovar. Ousar. Derrubar muros.

"É por termos esta história e esta identidade tão forte que nós podemos inovar. Que nós podemos hoje ousar. Que nós podemos rasgar novos horizontes. O PS que em 2015 assinou os acordos com o Partido Comunista Português, com o Partido Ecologista Os Verdes, com o Bloco de Esquerda, foi o mesmo PS que nas ruas se bateu em 1975 para garantir a liberdade e a democracia e combater a deriva totalitária da Revolução.

E derrubámos esses muros e não deixaremos voltar a erguer esses muros porque o que nós criámos foi um novo padrão de governabilidade do nosso país, uma nova oportunidade de governação à esquerda, e essa oportunidade provou bem, e é por isso que nunca mais os muros voltarão a existir dentro da esquerda portuguesa. 


Alterações climáticas

"O PS foi sempre o partido contemporâneo das causas do seu tempo. A maior causa do nosso tempo, hoje, é mesmo o combate às alterações climáticas - o Duarte Cordeiro já falou aqui e todos os dias faz muito para contrariar o risco das alterações climáticas. Mas ao longo destes 8 anos nós podemo-nos orgulhar de termos sido o primeiro país do mundo, na COP de Marraquexe(*), em 2016, a assumir o compromisso da neutralidade carbónica em 2050. Fomos o primeiro país a antecipar este compromisso para 2045, na lei do clima que aprovámos na Assembleia da República. E é com muito orgulho que vemos a Comissão Europeia dizer que Portugal é o país mais bem preparado na União Europeia para atingir a neutralidade carbónica. E a Comissão Europeia não nos diz isto por favor. Diz isto porque fizemos boas políticas, na área da energia mas também na área da mobilidade: como o passe-social que trouxemos, acessível para todas as famílias; e como temos vindo a desenvolver as redes de Metro em Lisboa e no Porto; o sistema de mobilidade do Mondego; a ligação entre Olhão, Faro e Loulé, através de transporte público; ou o BRT, em Braga(**); ou o do estudo para o quadrilátero urbano em Braga, Barcelos, Guimarães e Famalicão; porque é assim, como é na ferrovia, que nós podemos transformar efectivamente a redução, alcançar a redução das emissões e combater as alterações climáticas.

(*) Marraquexe, Marrocos, COP22 sobre as alterações climáticas.
(**) “Bus Rapid Transit”: arranca em 2024 e é para estar concluída até final de 2026.


Mais liberdade

"E, sim, nós abraçamos as causas novas mas não nos esquecemos das causas antigas: a maior de todas, a causa da liberdade. Ainda hoje a Assembleia da República aprovou a liberdade na autodeterminação de género, da mesma forma que aumentámos as oportunidades de quem quer ter filhos poder ter filhos porque alargámos a procriação medicamente assistida, porque autorizamos a gestação de substituição e, também, porque reforçamos a dignidade de todos os cidadãos no momento da morte podendo a morte ser medicamente assistida. Sim, hoje, no país, há mais liberdade do que havia anteriormente.


Mais democracia e descentralização

"Nos 50 anos de Abril continuamos a bater-nos por mais democracia e por isso alargamos a lei da paridade dos 33% para os 40%. Acabámos com os truques na feitura das listas e garantindo que não pode haver mais de duas pessoas do mesmo género, sequencialmente, na mesma lista. Temos mais democracia porque avançamos na descentralização como nunca se tinha avançado na descentralização e por acordo com os municípios. O acordo que permitiu passar 22 novas competências e em especial na educação, na saúde e na acção social, garantindo melhores serviços públicos a todas as portuguesas e a todos os portugueses. Avançámos até onde pudemos na regionalização - sabemos que não tivemos parceiro para fazer a regionalização; sabemos que temos um Presidente que não nos deixava fazer a regionalização - mas levamos até onde o pudemos fazer, democratizando a eleição dos presidentes das CCDR’s, dos vice-presidentes das CCDR’s, integrando as diferentes políticas regionais no âmbito das CCDR’s. Sim. Há mais liberdade, há mais democracia no final destes 8 anos.


COVID. Austeridade. Contas certas e o diabo não veio.

"Fomos sempre o partido da Europa e lutámos 8 anos por ter uma melhor Europa. E demos um contributo fundamental para quando chegou a crise do COVID todos compreendessem que não podíamos voltar a responder da mesma forma como não tínhamos respondido perante a crise do Euro em 2008/2011. E demos um contributo muito importante porque conseguimos provar e demonstrar que era possível virar as páginas da austeridade e ter contas certas. E esta mudança foi uma mudança conceptual da maior importância e por isso é preciso compreender o que é que significa ter contas certas. 

Ter contas certas não é só termos eliminado os portes e termos hoje uma dívida menor do que tínhamos anteriormente. Não, as contas certas é porque nós conseguimos simultaneamente eliminar os cortes, descongelar carreiras, reduzir o IRS, aumentar pensões, aumentar prestações sociais, aumentar salários da função pública, aumentar o investimento público e, ao mesmo tempo, nós conseguimos diminuir o défice, diminuir a dívida. Porque nós conseguimos aumentar salários e ao mesmo tempo criar empregos; nós conseguimos aumentar salários e aumentar o investimento das empresas; nós conseguimos aumentar salários e aumentar as exportações; nós conseguimos aumentar salários e melhorar a nossa produtividade; nós conseguimos aumentar salários E O DIABO NÃO VEIO, NÃO VEIO E NÃO VEIO!(***)

(***) labéu da Direita em 2015.


Um segredo/anedota do diabo

"Eu vou agora revelar um segredo, que é: por que é que o diabo não veio? O diabo não veio por uma razão muito simples: é que o diabo é a Direita e porque os portugueses não devolveram o poder à Direita.


Pobreza, exclusão social e desigualdades.

"As desigualdades são a nossa causa de sempre e ao longo destes 8 anos não demos tréguas ao combate às desigualdades. A principal de todas, a mais importante, a que historicamente gerou o movimento socialista - as desigualdades sociais - e vimos aqui (fazendo o gesto de que o vídeo foi passado no Congresso), são menos 660.000 pessoas que se conseguiram libertar da pobreza e da situação de exclusão social. São todos os índices de desigualdades que melhoraram. Mas são também as outras desigualdades, porque com a lei da agenda do trabalho digno nós melhorámos as condições de conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional, aumentando e balizando as licenças de parentalidade, mas também criámos condições para que essa conciliação exista com o programa da creche gratuita que já abrange 85.000 crianças e que há de abranger em Outubro 140.000 crianças se a Direita não vier para desfazer o que está a ser feito.

Nas outras desigualdades. Eliminámos a proibição dos casais do mesmo género poderem adoptar crianças: hoje também podem ter filhos, podem ser livres no amor e podem ser livres na família que querem constituir.

A Assembleia da República ainda esta semana confirmou, contra o veto do Presidente da República, a nova lei das Ordens que dá liberdade de acesso às profissões reguladas aos nossos jovens, fazendo que quem é licenciado em Direito e quer ser advogado que possa ser advogado, mais médicos possam ser médicos em Portugal, e é essa liberdade que aumenta a igualdade de todos ao acesso à profissão. Aumentámos a igualdade relativamente aos deficientes com a criação da protecção social única para os deficientes. Criámos e alargámos a igualdade dos portugueses que residem no estrangeiro com o recenseamento automático, com o consulado virtual, mas ao mesmo tempo também a igualdade dos estrangeiros que vivem em Portugal graças ao acordo de mobilidade no âmbito da CPLP ou à separação definitiva que fizemos entre as funções policiais que cabem às polícias e as funções de integração que cabem à administração pública, e isto cria maior igualdade para todos, dos portugueses que vivem lá e dos estrangeiros que vivem cá.


Segurança Social

"Sim, e continuamos o trabalho que Mário Soares iniciou de construção do nosso Estado Social. E podemos dizer, com orgulho, que quando chegámos ao governo a Direita dizia que a Segurança Social estava falida, pois nós vamos a eleições dizendo: alargamos em 40 anos a sustentabilidade da nossa segurança social.


Abandono escolar precoce

"É. É. Reduzimos para metade o abandono escolar precoce - uma condição fundamental para o desenvolvimento do futuro, porque não há igualdade de oportunidades, não há sucesso no futuro se as crianças não poderem concluir o seu percurso educativo - e quando nós chegámos ao governo era 13,7% a taxa de abandono escolar precoce, a meta que existia era de chegarmos aos 10%, pois nós já vamos nos 6,7% e se continuarmos no governo o abandono escolar precoce vai continuar a reduzir porque continuaremos com boas políticas que se traduzem no abandono escolar precoce.


SNS

"Sim, o Serviço Nacional de Saúde tem muitos problemas. Agora imaginem os problemas que teriam se não tivéssemos aumentado, como aumentámos em 72%, o orçamento no Serviço Nacional de Saúde. 


Política pública de habitação

"Mas o PS é um partido do seu tempo e sabemos que o Estado Social hoje não se faz só com segurança social, não se faz só com Escola Pública, não se faz só com o Serviço Nacional de Saúde. Nós precisamos de política pública de habitação e esse foi um novo pilar do Estado Social que ao longo destes anos nós fomos desenvolvendo. 

Há problemas? Claro que há problemas. Mas é mesmo por isso que nós estamos cá, é por isso que está cá o PS, é que é o PS que vai resolver os problemas.


Prevenção e combate aos incêndios florestais

"Nós vivemos um drama terrível em 2017 com os incêndios mas foi o PS e o governo que mudaram a política, dando uma prioridade clara à prevenção. E graças ao trabalho do João Pedro Matos Fernandes e do Duarte Cordeiro nós hoje fazemos melhor prevenção. E graças ao trabalho do Eduardo Cabrita e do José Luís Carneiro não fazemos melhor combate, temos mais prevenção, temos melhor combate, temos menos incêndios florestais, menos área ardida apesar do risco de incêndio ter sido todos os anos maior do que o anterior.


Qualificação dos jovens, Porta 65-Jovem e IRS Jovem.

"Sim, nós sabemos que os jovens, muitos dos nossos jovens, finalmente conseguiram realizar um sonho que o país tinha há décadas, para não dizer há séculos, de alcançarmos os níveis de qualificações da União Europeia: estamos acima do nível de jovens com 20 anos a frequentar o ensino para cima da média Europeia. Eu sei que muitos destes jovens hoje vivem angustiados e a sentir uma enorme injustiça, pelos salários que ainda são pagos em Portugal não corresponderem aos salários que são pagos nos países mais desenvolvidos da Europa. Nós sabemos isso, mas ao contrário de outros que lhes disseram para emigrar nós lutamos para que fiquem entre nós, para que seja entre nós que construam hoje o futuro.

E foi por isso que na agenda do trabalho digno nós eliminámos o ser jovem como um critério para a possibilidade da contratação a prazo, para combater a precariedade dos jovens trabalhadores. Foi por isso que reforçámos o programa porta 65 lançando o porta 65-Jovem(****) e nas políticas de habitação há um claro apoio à habitação jovem. Foi por isso que criámos o IRS Jovem. Os jovens porventura não sabem porque só agora chegaram ao mercado de trabalho mas se tivessem chegado ao mercado de trabalho quando a Direita governava não havia IRS jovem e pagavam tudo o que tinham a pagar sem o IRS jovem e os descontos introduzidos pelo IRS jovem.

(****) O Porta 65-Jovem é um programa de incentivo ao arrendamento por jovens.


Prémios salariais para jovens licenciados e com mestrado

"E porque sabemos que é preciso sempre fazer mais e melhor, é que o Orçamento de Estado deste ano introduz pela primeira vez o pagamento de um prémio salarial a quem se licenciou ou a quem concluiu o mestrado. Quem concluiu a licenciatura e entra no mercado de trabalho receberá o equivalente a um ano de propina pelo número de anos equivalente ao dos cursos que frequentou. Quem entra no mercado de trabalho com mestrado receberá um ano de propina pelo número de anos que frequentou o mestrado. São 697 euros por ano para quem concluiu a licenciatura; 1500 euros por ano para quem concluiu o mestrado. Sim, nós não desistimos dos nossos jovens e queremos que seja aqui, em Portugal, que eles construam o seu futuro.

É por isso, Camaradas, que eu, com toda a franqueza, tenho de dizer: é possível fazer melhor mas há uma coisa que podem estar certos: só o PS fará melhor que o PS!


Agradecimentos

"Caras e Caros Camaradas! Vão ter um fim de semana longo de trabalho e por isso vou abreviar. E vou abreviar dizendo muito obrigado. Muito, muito, obrigado pela confiança que em mim depositaram há 9 anos para liderar o Partido Socialista. É uma honra enorme ter podido ser secretário-geral do Partido Socialista, dar continuidade a uma história que Mário Soares iniciou e que depois dele  - Vítor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues, José Sócrates, António José Seguro - todos deram continuidade. Foi uma enorme honra ter liderado um partido que é o maior partido autárquico nas freguesias, que é o maior partido autárquico nos municípios, que tem uma grande força sindical, que já foi governo nos Açores e vai voltar brevemente a ser governo nos Açores. 

Quero agradecer-vos todo o apoio que sempre tive do partido: os militantes do partido, os dirigentes do partido, do grupo parlamentar do partido, em todos os momentos muito difíceis que nós vivemos também ao longo destes 8 anos. Sim, governar não são só coisas boas. São também coisas difíceis, coisas duras, sofre-se também, mas sofre-se com alegria quando se faz aquilo em que se acredita que se está a fazer. E o partido sempre me deu apoio. Deu-me apoio quando foi difícil conciliar os nossos parceiros à esquerda com as exigências da Comissão Europeia. Deram-me apoio quando foi difícil evitar as sanções a Portugal, quando foi necessário lutar para sairmos do procedimento por défice excessivo. Deram-me sempre apoio durante os 2 anos da pandemia e onde tivemos sempre de adoptar medidas tão duras, semana a semana, quando olhando para trás às vezes tenho dificuldade em perceber como foi necessário, como foi possível, e como aconteceu. Deram-me apoio em todos os momentos destes 2 anos de inflação muito dura, da invasão da Ucrânia pela Rússia, que provocou em todo o mundo na sequência da pandemia. 

Muito obrigado pelo apoio que me deram em todos os momentos de grande crise política que tivemos que enfrentar, designadamente em 2022, e estou certo que esse apoio que me deram é o apoio que vão dar ao Pedro Nuno Santos, agora em que mais uma vez os portugueses vão ser chamados a resolver a crise política que lhes foi criada.

Estes anos não foram os anos do António Costa. Estes anos foram os anos do PS. Foram os anos de uma grande equipa. 

Quero aqui agradecer, obviamente, a todos aqueles que nos vários governos trabalharam comigo. Quero agradecer muito em particular ao Carlos César, Presidente do nosso partido. Quero agradecer ao Eduardo Ferro Rodrigues e ao Augusto Santos Silva que nos honraram presidindo às Assembleias da República. Quero agradecer aos secretários-gerais adjuntos que comigo trabalharam: Ana Catarina Mendes, José Luís Carneiro, o João Torres, muito obrigado pelo vosso trabalho. Quero agradecer aos líderes parlamentares que comigo trabalharam: o Carlos César, a Ana Catarina Mendes e o Eurico Brilhante Dias. Muito obrigado. 

Quero agradecer com muita saudade, eterna saudade, é um grande amigo, fez um trabalho extraordinário na direção do Partido Socialista: Luís Patrão(*****).

(*****) Faleceu em 2023. (aplausos de pé, do próprio, da mesa e da assembleia.)

E agora quatro agradecimentos particulares, permitam-me. À Ana Catarina Mendes e ao Duarte Cordeiro, que desde as eleições primárias até às últimas eleições foram-se sucedendo e alternando como directores das minhas campanhas. Muito obrigado Ana Catarina, muito obrigado Duarte. Quero agradecer à Maria Manuel Leitão Marques e à Mariana Vieira da Silva: da agenda para a década até ao último programa do governo coordenaram a definição das nossas políticas. Muito obrigado Maria Manuel, muito obrigado Mariana. 

E... - já há 42 anos que venho a congressos e é o 20º Congresso a que venho, portanto não é altura para me emocionar - … e quero agradecer muito profundamente à minha mulher, à Fernanda, que verdadeiramente merecia... (aplausos) bom, verdadeiramente merecia ser militante honorária do PS ou, melhor, militante honorária da JS.

Bom... Caras e Caros Camaradas, juntos ganhámos todas as eleições nacionais que travámos desde constituímos governo. Ganhámos as Autárquicas de 2017 e as Autárquicas de 2021. Ganhámos as eleições europeias de 2019. Ganhámos as eleições legislativas de 2019 e 2022. E foram vitórias do PS, não foram vitórias do António Costa. Foram vitórias de todos os que votaram no PS, de todos os que foram eleitos no PS, foram todas vitórias do PS. 

E é por isso que vos digo: podem-me ter derrubado mas não me derrotaram. Podem ter derrubado o nosso governo mas não derrubaram o Partido Socialista. O Partido Socialista está aqui, o Partido Socialista está aqui forte, o Partido Socialista está aqui vivo, o Partido Socialista está aqui rejuvenescido, com uma nova energia, uma nova liderança. E com o Pedro Nuno Santos nós vamos, estamos prontos, para a luta e preparados para vencer. Sempre, sempre, sempre para servir Portugal. Sempre, sempre, sempre para servir as portuguesas e os portugueses, com o Pedro Nuno Santos! Viva o Partido Socialista! Viva o PS! Viva Portugal!"


(«Costa: "Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram" - como aconteceu» (mais à frente, a partir dos 43:26, o discurso de António Costa) – Observador de 2024/01/05)

Friday, January 05, 2024

Operação Influencer: Erros, Ziguezagues e Malevich

Zig e Zag falam da Operação Influencer e dos ziguezagues da investigação e da acusação (cartoon):



(1. A notícia: «DCIAP desiste da preventiva para Lacerda e Escária, mas quer proibir contactos com “atuais e futuros” membros do Governo» - ECO de 2024/01/04; 2. Antecedentes: os três erros (1.º - troca de nomes; 2.º - erro na portaria; 3.º - afinal não aconteceu na sede do PS): «Operação Influencer: MP disse que houve uma reunião na sede do PS que afinal não aconteceu (e assim somou o terceiro erro)» - Expresso de 2023/11/16; 3. E porque se fala de Malevich: a) «Cubofuturismo» - Wikipedia; e b) «Kazimir Malevich» - Idem.)

CTT, Parpública e compra de acções

O país privatizou mal(*), não só empresas lucrativas como empresas com forte ligação ao cidadão, dificultando-lhe a vida ao fornecer um pior serviço (e mais distante), num sector de monopólio, sem concorrência, que dava dividendos orçamentais.

Em 2013 fecharam-se 124 estações dos CTT em contrapartida da abertura de 78 novos postos(**). A maioria dos serviços postais ficou a cargo de empresas privadas que se dedicam a outros negócios.

Só por milagre não se voltou aos velhos tempos do far-west em que a correspondência era distribuída no saloon, boca-a-boca, por entre copos e tiros.


Na verdade, a qualidade do serviço postal, desde que foi privatizado, tem vindo a degradar-se.

O mais que disserem são balelas.


((*) Os Correios foram privatizados em Dezembro de 2013 pelo Executivo de Pedro Passos Coelho na sequência do memorando da "troika"; (**) «CTT de Portugal e o regresso do velho saloon!» - neste «blog» em 2013/06/12; 1. Fica aqui, para reflexão, o que disse Pedro Nuno Santos em 2020/03/12: «Intervenção do Ministro das Infraestruturas e da Habitação na interpelação ao Governo sobre «A crise no serviço postal e a recuperação do controlo público dos CTT»»; 2. A notícia que agora faz furor: a) «Parpública comprou cerca de 0,25% das ações dos CTT» - CNN Portugal de 2024/01/03; b) «Parpública só podia comprar até 1,95% dos CTT, ficando fora dos radares. Adquiriu 0,24% e ordem cessou em 2022» - Observador, mesma data; e c) «Estado quis ter 13% dos CTT, mas acabou por ficar só com 0,24% e João Leão pediu segredo sobre a operação» - Expresso, mesma data.)