Um rato alemão com excesso de peso ficou preso numa tampa de saneamento. Com excesso de peso? Sim, com excesso de peso. Nos esgotos há comidinha que chegue para alimentar um batalhão, dois batalhões, talvez três, de roedores. E isso quanto dá? Sei lá, um número gordo. Parece moral à La Fontaine.
Vai daí os estúpidos dos humanos, condoídos, libertaram-no. Libertaram-no num campo de trigo, num local conhecido por Auvers-sur-Oise, em França, onde Van Gogh pintou o seu Campo de Trigo com Corvos. Que sorte! Pois, que sorte. Tornou-se o terror da zona. Nem os gatos e os corvos se lhe chegavam. Consta até que os caçava e comia. O safardanas que prometera ser bonzinho transformou-se num gangster de se lhe tirar o chapéu. Habilidade a dele! De facto, há tipos muito habilidosos, quer dizer, ratos. O rato era alemão, dizem... Bem, alemão não era, rato é rato em todo o lado, mas que vivia na Alemanha lá isso vivia. E eu a pensar que animais daquele calibre só em países do Terceiro Mundo. Há muito Terceiro Mundo por baixo do chão das nossas cidades. Quanto mais abundância, mais restos. Nem imaginas a quantidade de coisas que há nos esgotos das nossas cidades! São autênticos labirintos onde se podia fazer um tratado sobre os nossos comportamentos citadinos. Até hoje ainda não ouvi ninguém preocupar-se em saber se os plásticos também afectam os roedores. Pois não. Preocupam-se mais com o entupimento da sanita, com a questão da coisa à superfície, esquecendo as questões subterrâneas, que são mais profundas. Deve ter sido grande o aparato. Foi. Além dos bombeiros, polícia e o INEM lá do sítio estava também a comunicação social e gente nem queiras saber! Algumas senhoras das associações de protecção dos animais estavam em pulgas. E coçavam-se? Crianças havia que punham a cara de lado. Alguns pais proibiram os filhos de se abeirar do ratazanas, que era portador de doenças, diziam. A comunidade dividiu-se, um garoto queria-lhe pôr uma lata no rabo e regá-lo com gasolina, não fosse a pronta intervenção da polícia e tinha-o feito, a notícia depressa saltou para os jornais do mundo, com transmissão em directo, e tornou-se viral. Lembras-te daquela vez em que o Fernandes fez voar uma ratazana à vassourada? Fez cozinha, copa e sala do restaurante num piscar de olhos e foi-se estoirar na parede ao fundo, mesmo aos pés do quadro da Rainha D. Amélia onde estava o Silva que deu um salto na cadeira, tal o aparato, e o Silva, Que porcaria é esta?, Não venho cá mais e toda a gente a rir... Então não me lembro? Estava o Lopes precisamente a dizer Sai bifana! quando isso aconteceu. Também foi notícia de jornal mas nunca ultrapassou fronteiras. Também por más razões não vale a pena. Lá isso é verdade. Com aquela história de darem uma segunda oportunidade ao gordo foi pior a emenda que o soneto. É sempre assim, nunca deviam dar segundas oportunidades. Pois não. Era o enterramento sem direito a funeral, quando muito o embalsamamento. Ou dado aos linces da Malcata, que achas? Não sei se lhe punham o dente. Por falar em bifanas, estou cá com uma fome de lobo...
(1. Aqui o rato foi salvo, sim, mas retornou ao esgoto: «Rato com excesso de peso resgatado por bombeiros» - JN de 2019/02/27; 2. A mesma notícia (sem restrições de acesso): «Fat rat stuck in manhole rescued by firefighters in Germany» - The Guardian de 2019/02/27; 3. A propósito: «Campo de trigo com corvos | Vincent Van Gogh» - CITALIARESTAURO.COM (ARTE);
4. Nota: legendas humorísticas sobre fotografia existente no artigo citado.)
Foto Facebook/berufstierrettung Rhein Neckar |
Vai daí os estúpidos dos humanos, condoídos, libertaram-no. Libertaram-no num campo de trigo, num local conhecido por Auvers-sur-Oise, em França, onde Van Gogh pintou o seu Campo de Trigo com Corvos. Que sorte! Pois, que sorte. Tornou-se o terror da zona. Nem os gatos e os corvos se lhe chegavam. Consta até que os caçava e comia. O safardanas que prometera ser bonzinho transformou-se num gangster de se lhe tirar o chapéu. Habilidade a dele! De facto, há tipos muito habilidosos, quer dizer, ratos. O rato era alemão, dizem... Bem, alemão não era, rato é rato em todo o lado, mas que vivia na Alemanha lá isso vivia. E eu a pensar que animais daquele calibre só em países do Terceiro Mundo. Há muito Terceiro Mundo por baixo do chão das nossas cidades. Quanto mais abundância, mais restos. Nem imaginas a quantidade de coisas que há nos esgotos das nossas cidades! São autênticos labirintos onde se podia fazer um tratado sobre os nossos comportamentos citadinos. Até hoje ainda não ouvi ninguém preocupar-se em saber se os plásticos também afectam os roedores. Pois não. Preocupam-se mais com o entupimento da sanita, com a questão da coisa à superfície, esquecendo as questões subterrâneas, que são mais profundas. Deve ter sido grande o aparato. Foi. Além dos bombeiros, polícia e o INEM lá do sítio estava também a comunicação social e gente nem queiras saber! Algumas senhoras das associações de protecção dos animais estavam em pulgas. E coçavam-se? Crianças havia que punham a cara de lado. Alguns pais proibiram os filhos de se abeirar do ratazanas, que era portador de doenças, diziam. A comunidade dividiu-se, um garoto queria-lhe pôr uma lata no rabo e regá-lo com gasolina, não fosse a pronta intervenção da polícia e tinha-o feito, a notícia depressa saltou para os jornais do mundo, com transmissão em directo, e tornou-se viral. Lembras-te daquela vez em que o Fernandes fez voar uma ratazana à vassourada? Fez cozinha, copa e sala do restaurante num piscar de olhos e foi-se estoirar na parede ao fundo, mesmo aos pés do quadro da Rainha D. Amélia onde estava o Silva que deu um salto na cadeira, tal o aparato, e o Silva, Que porcaria é esta?, Não venho cá mais e toda a gente a rir... Então não me lembro? Estava o Lopes precisamente a dizer Sai bifana! quando isso aconteceu. Também foi notícia de jornal mas nunca ultrapassou fronteiras. Também por más razões não vale a pena. Lá isso é verdade. Com aquela história de darem uma segunda oportunidade ao gordo foi pior a emenda que o soneto. É sempre assim, nunca deviam dar segundas oportunidades. Pois não. Era o enterramento sem direito a funeral, quando muito o embalsamamento. Ou dado aos linces da Malcata, que achas? Não sei se lhe punham o dente. Por falar em bifanas, estou cá com uma fome de lobo...
(1. Aqui o rato foi salvo, sim, mas retornou ao esgoto: «Rato com excesso de peso resgatado por bombeiros» - JN de 2019/02/27; 2. A mesma notícia (sem restrições de acesso): «Fat rat stuck in manhole rescued by firefighters in Germany» - The Guardian de 2019/02/27; 3. A propósito: «Campo de trigo com corvos | Vincent Van Gogh» - CITALIARESTAURO.COM (ARTE);
4. Nota: legendas humorísticas sobre fotografia existente no artigo citado.)