… é precisamente por estes tresandarem a queijo.
Certo dia deram-lhe um rottweiler, ou parecença disso, e logo tratou de se esmerar nos cuidados a dar ao animal. Diga-se de passagem que era um roedor maldito de sapatos. Um dia foi de malas aviadas – posto num táxi – e ala para uma quinta, donde não se soube mais notícias dele. Garantiu-lhe uma casa, ao menos, e, assim, não lhe ficou a pesar nada na consciência.
Desse tempo elaborou um manual que rezava assim:
«1.º mês:
a) Se mãe não vacinada, vacinar já.
b) Não dar banho.
c) Escovar o pêlo com uma escova para eliminar os pêlos mortos e poeiras. Não utilizar guardanapos ou outras coisas besuntadas que lhe podem dar brilho ao pêlo mas o põem a cheirar a bife ou a batatas fritas.
d) Não deixar morder as peúgas e os sapatos do dono que cheira que tresanda dos pés (não é boa ideia que o cão aprenda a “snifar” o dono).
e) Enquanto não for vacinado não está autorizado a ir à rua cheirar as nalgas dos outros cães; só ao colo para ver os carros passar.
f) Colocar “frontlyne” no pescoço, em quantidade certa, para não o tornar apaneleirado e também para as carraças e pulgas não se ficarem a rir.
g) Biscoito limpa dente, um bocadinho ao deitar, e nada de chiclets da marca Pirata.
h) Utilizar o “tic-tac” de um relógio para o adormecer; não colocar o relógio de cuco da sala pois pode engoli-lo ao bater das horas e sufocar.
i) Ossos com pasta de dentes colgate têm flúor e substituem as rodas dos carrinhos da chavalada e as peúgas e os sapatos do dono.
j) Água, sim; leite, nunca; vinho está fora de hipóteses. Comida: granulado júnior (nunca granulado sénior); uma vez de manhã, outra à noite.
k) Não dar bolachas; o mousse de chocolate é para o dono.
l) Não castigar o cão por urinar ou fazer as suas necessidades – afinal é um bebé – mas não exagerar ao ponto de lhe pôr fraldas.
Mês e meio:
a) Se mãe vacinada, vacinar agora; é a hora da “pica” e, por isso, há que encorajá-lo: «Lindo menino! Não dói nada! Pronto, já está.». Já pode ir à rua e iniciar-se no “putedo”.
b) Continuar a não dar banho.
c) Continuar com o granulado júnior.
d) Manter as regras anteriores, etc..
1 ano:
a) Se não é cão d’água – e não é –, banho só uma vez por ano; não aproveitar a lavagem do carro para lavar o cão; cão ensebado é cão protegido e cheira menos a cão; uma das razões que levam os gatos a fugir de alguns cães é precisamente por estes tresandarem a queijo.
b) Levá-lo periodicamente ao veterinário; nunca ao cabeleireiro e barbeiro também não; cão também não precisa de camisola e peúgas pois já tem pêlo em barda (saber se há cão tipo pêssego careca?).
c) Granulado normal (ou sénior); quando velhote, granulado para a 3.ª idade; eventualmente, restos de comida mas nunca de escabeche ou que levem molho de francesinha ou de bifana; ossos de frango, nunca; trincar e roer “costelinhas” fazendo equipa com o dono, sim.
d) Ordens curtas e firmes do género: «Chega de Internet, Rott!».
e) Não deixar que a sogra desautorize o dono; se o cão escolher a sogra é pôr a sogra e o cão na rua!
f) Tratar o cão com meiguice; tal como as crianças, não há cães maus! Há, sim, cães hiperactivos ou sobredotados; dar-lhe uma boa dose de labirintos para o cansar e nada de calmantes pois pode ficar bronco.
g) ... ... ...»
E chega de manual. Arre!
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