Friday, January 18, 2019

Hotel Japonês despede robots incompetentes

Zig e Zag falam do despedimento de robots inteligentes num hotel japonês (cartoon):

















No Henn-na “Strange” Hotel, um hotel japonês, cento e vinte robots vão ser despedidos, é metade da força de trabalho, mas há razões, é o caso do Churi, o Churi não sabe informar os horários dos autocarros das imediações, o Velociraptor em vez de fazer o check-in dos hóspedes entrega aos clientes uma pasta de dentes com uma escova, o Transporter deixa as malas pelo caminho e vira costas, amiúdes vezes choca de frente nos corredores com as hóspedes de peito mais avantajado, é só olhar o Complaints Book do hotel, um outro robot é disléxico, um outro ainda que se atrapalha com as respostas só sabe dizer oba pergunta para boa pergunta, para chamar senhor Artur chama senhor Rutra faz favor, dá-se muito bem com outro robot que troca as sílabas das palavras que depois termina com um i, ãocali para a palavra calão, zerfai maui sefrai para fazer uma frase, e assim por diante, percebe-se a gravidade, é linguagem de contrabandistas de Alfama para driblar a polícia, como isto foi lá parar é que não se percebe, Concierge em vez de indicar a sala das refeições dirige os clientes para os lavabos, o que até nem está mal visto, há muito falta de higiene por aí, e o Stanilas senta-se à mesa com os clientes, a sua brincadeira preferida é comer os talheres e o guardanapo e limpar a boca ao bife que depois engole, a lista não acaba aqui, há outro, conhecido por Garfos, por roubar carteiras, é despedimento com justa causa, e um seu irmão que estende a mão e diz qualquer coisinha, se faz favor, está visto que é defeito de família, as razões são muitas mas o transbordar do copo deu-se quando o Super-homem meteu o sindicato ao barulho, a coisa não caiu bem nos patrões, é sindicato vermelho, coisa que já se julgava extinta, e, pior que isso, a coisa foi feita à sorrelfa.

Entre os cento e vinte robots que ficam destacam-se a Siri, o Alexa e o Google Assistant, a direcção do hotel está mesmo a ponderar substituir alguns humanos por robots como estes, a coisa está preta, na lista estão o John que vai para a casa-de-banho tocar à punheta nas horas de aperto, O Taxi Driver 1976, é assim a alcunha, que rouba rissóis na cozinha, o Jimmy que se assoa às toalhas das mesas, tem ainda a mania de cumprimentar os clientes com um velho chapéu empoeirado à far-west furado por uma seta de índio, é herança de um trisavô, ufana-se, o trisavô comprou-o em 1920 numa feira em Hannover, isto é o diz que diz, Baez, a Camareira, que cola catotas nos lençóis das camas por puro divertimento, isto é só um cheirinho, há mais, assim o Henn-na “Strange” Hotel não vai bem, o hotel é japonês, já se disse, embora pelo nome não pareça, e só contrata estrangeiros, mas o rol das barbaridades é de bradar aos céus, há que pôr um travão, vai dar em tribunal e em algazarra, outra coisa não é de esperar, perder a clientela é que não.

(segundo o Livro de Estilo de Camilo José Cela «in» Madeira de Buxo (Madera de Boj, 1999))


(1. A notícia: «Hotel japonês só com robôs vai despedir metade dos “funcionários”»  - Exame Informática de 2019/01/16; 2. Dicionário: catota: aqui no sentido de muco nasal ressequido; 3. A propósito: «Calão de Alfama, Lisboa» - neste «blog».)

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