Consultei o padre Fontes
Aquele de Trás-os-Montes
E fiquei a saber
Que muito antes de saber ler
Antes mesmo de ser quem sou
E de meu pai namorar uma moça
Que não veio a ser minha mãe
Que o mais certo,
Disse ele,
É ter sido apunhalado,
À sorrelfa, sem aviso,
Como um Sertório ou Viriato.
Desde aí não desato
Um fantasma que me acompanha
Sempre que vou em campanha
À noite, principalmente,
Meditabundo, rua fora,
Que faz sobressaltar-me
Com a minha própria sombra.
E disse o padre Fontes
Aquele de Trás-os-Montes,
Olhem que certeza tem:
Isso é prova doutra vida
Coisa que se deu por 1816,
Mais ano menos menos ano,
Há que ver nos jornais.
Há que ver nos jornais!?
Com tão grande remorso
Por um punhal cravado no dorso
E se acaso descubro
Que fui eu o assassino?
(Isto é o que dá quando um tipo não tem nada que fazer!)
(
Notas ao texto: 1. Padre António Fontes e os congressos de medicina popular: «Biografia do Padre Fontes» - «in» Barroso Notícias; 2. «Trás-os-Montes e Alto Douro» - Wikipedia; 3. «Cipião recorreu ao suborno dos companheiros de Viriato, que assassinaram o grande chefe enquanto dormia» e «muito mais tarde o Romano Sertório tornou-se líder do exército lusitano, usando-os na guerra civil romana, até ser igualmente assassinado por militares da sua confiança.» - «in» «Viriato», Idem; 4. «Imprensa» - Idem)