Hoje casou uma infanta de segunda ou terceira categoria. A cerimónia teve honras de transmissão na TVI e, no final, muitos foram os comentários e muitas as atitudes: uns, revelando deslumbramento e subserviência; outros, petulância; e, outros ainda, uma ignorância histórica atroz.
Embora cá o sítio seja uma república por momentos pareceu uma monarquia. O tempo estava bom e suspiros e sonhos de cinderela não faltaram.
Antes, na caleche, no percurso até à Basílica de Mafra, rei e infanta iam acenando à multidão, como se rei e infanta fossem de verdade. Tem cara de boa moça, é simpática e parece divertida mas - custa dizer isto (não é para estragar o sonho e a felicidade da jovem) - não se livra de representar um tempo que não se adaptou à modernidade.
Quanto a convidados, havia-os para todos os gostos. Chapéus (saídos do baú das velharias?), nem se fala! Gente bonita mas com discurso estéril e voz afectada. Mal por mal, ficamos com o Marcelo, que sempre pode ser corrido a toque de caixa ou à vassourada.
No meio desta gente invulgar - e a gente sabe que muitos deles só têm títulos mas não têm onde cair mortos - identificamos um: Dom Rodolfo, Barão de Venha-Ventos-Teso-que-nem-um-Carapau. Um tipo que faz desaparecer uma garrafa de whisky e um queijo da serra de uma penada. Ora vejam o bólide que levou para o casamento:
"Crónicas de Fernão Lopes", em versão de séc. XXI.
(1. A notícia: «Em direto / Casamento Real. Depois de dois bolos e quatro horas de celebração em Mafra a festa continua agora em Sintra» - Observador de hoje;
2. A vantagem de termos um Marcelo (que só lhe falta o manto para ser rei) é sabermos que um dia ele vai embora. Não só porque o passar do tempo o cansa (assim se espera) mas também nos cansa a nós. Ter um rei a tempo inteiro, "ad ethernum" (ainda por cima absolutista), é uma chatice do catano!;
3. a) «Infante» (diferença entre "infante" e "príncipe") - Wikipedia; e b) «Duarte Pio de Bragança» (pai da infanta Maria Francisca de Bragança, a noiva de que aqui se fala) - Idem;
4. a) «Guerra Civil Portuguesa (1832-1834)» (que opôs liberais constitucionalistas (D. Pedro) a absolutistas ou miguelistas (contra o irmão D. Miguel), e a derrota destes) - Wikipedia; b) «Miguelista» - Idem; e c) «Pedro I do Brasil» (ou D. Pedro IV, de Portugal) - Idem;
5. Fotografia da emissão televisiva e fotografia do autor (bólide))
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