Thursday, September 25, 2014

O pecado original

Zig e Zag falam do pecado original (cartoon):

















(1. Baseado no artigo «Adán y Eva: ¿origen o parábola?», por Ariel Alvarez Valdés», «in» SIN TAPUJOS; 2. Quem é «Ariel Álvarez Valdés»? - Wikipedia; 3. «Gênesis» – Wikipedia)

Tuesday, September 23, 2014

Precisa-se urgentemente de um SIGINVA para a vespa asiática!

Zig e Zag falam da vespa asiática (cartoon):

















(1. a) As notícias: «Viana registou 448 ninhos de vespa asiática» («Atualmente, de acordo com os números avançados pela autarquia, estão identificados para destruição 67 exemplares, 25 dos quais com carácter de urgência.») - Jornal de Notícias de 2014/08/29 e notícia idêntica na edição de hoje em papel; b) «Bombeiros de Viana já detectaram este ano 216 ninhos de vespa asiática» - Público, mesma data; 2. Já agora, «Conheça a vespa "assassina" que ameaça Portugal» - Idem de 2014/09/07; 3. SIGIC: Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia)

Monday, September 22, 2014

Até Deus falha!

Zig e Zag falam dos falhanços de Deus (cartoon):

















(1. Baseado no artigo «Adán y Eva: ¿origen o parábola?», por Ariel Alvarez Valdés», «in» SIN TAPUJOS; 2. Quem é «Ariel Álvarez Valdés»? - Wikipedia; 3. «Gênesis» – Wikipedia)

Lobo do mar de trazer por casa

Zig e Zag falam de mapas de tesouros (cartoon):

















(1. Poema sobre «O velho lobo do mar»: «Dorival Caymmi – O mar (1940)», «in» Recanto das Letras; 2. Um Lobo do mar da banda desenhada: «Capitão Haddock» - Wikipedia; 3. Mensagens em garrafas: a) «S.O.S. garrafa» - neste «blog» em 2012/09/03 (e a notícia: «Descoberta garrafa com a mensagem mais antiga do mundo»; b) «MENSAGENS EM GARRAFAS! 8 HISTÓRIAS MUITO CURIOSAS!», «in» Vodkanerd)

Sunday, September 21, 2014

Dragões-de-Komodo

Subtítulo:

Ah! sinto-me como um dragão com hálito de limão!
(histórias sem fim à vista)

– A história é contada assim: – disse a Mãe.

– Nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia, vivem, felizes, os maiores dragões vivos à face da Terra e o maior dos varanos; se outros dragões houve, com asas, poderes mágicos e hálito de fogo só se sabe pelas iluminuras medievais, pela mitologia ou então pelo cinema. Pois os desta história vivem em Komodo, não têm asas nem poderes mágicos, tão pouco cospem fogo; mas não é por isso que deixam de ser menos temíveis.


– Claro está – continuou a Mãe – que quem está a dar os primeiros passos comete sempre os seus erros, embora não seja bem o caso, pelo menos desta vez, do nosso pequeno dragão que chega diante do pai, com ar de vitória, estás a ver?, e lhe dá esta terrível notícia: «Pai! hoje, pela primeira vez na minha vida, lavei os dentes!» – Joãozinho deu uma sonora gargalhada e perguntou: – E o pai que lhe disse?



– Ora! o que qualquer pai dragão assustado diria… Que é coisa que nunca se faz, que os dentes, na espécie deles, quanto mais fétidos, melhor. E para exemplificar o pai dragão pôs a língua de fora, e, saracoteando-a, apontou à bocadura e disse: «É aqui dentro, na queixada, na nossa língua, que trabalham para nós umas bactérias terríveis, uma simples mordidela e a infecção faz o resto, isto se o bicho não morrer antes de susto, e olha, disse o pai abanando para cima e para baixo com a cabeça, para que não houvesse dúvidas, já vi muito bicho a abortar e a parir antes do tempo só de nos olhar!»; o pai dragão estava imparável: «E vens tu agora, que ainda cheiras a cueiros, dar cabo da nossa reputação? malbaratar os nossos pergaminhos!?» e dizendo isto lá se calou mas só porque tinha que dar um estalo com a língua para saborear um naco de carne apodrecida que se tinha soltado de entre os dentes. – Isso é que foi um bate-barbas! – sentenciou o Joãozinho. – Pois foi. Até eu estou cansada – admirou-se e riu-se a Mãe.

– Só que o pai dragão estava enganado! – disse a Mãe. – Pelos vistos o filhote de dragão tinha-se estreado nas artes da caça para desgraça de uma galinha preta. Como era um dragãozinho diabrete, assim como tu! – aqui a Mãe riu do disparate, – com um apurado sentido de humor, coisa aliás nada habitual nos dragões da sua idade e se calhar até na maioria dos dragões adultos, lavar os dentes para ele era uma forma humorística de dizer cerrar os dentes na pobre, estás a ver?, pelo menos foi esta a explicação que deu aos pais, e dando-a tal como entrou saiu a correr, com aquele andar trangalhadanças que têm os dragões, bamboleando a cabeça ora para a esquerda ora para a direita mas velozes como uma bala, pois a essa hora já a vítima devia estar a desfalecer nalgum canto.

– Não gostava nada de ser galinha preta! – disse o Joãozinho. E riu.

– O pai dragão – continuou a Mãe: – ainda pensou que o filho era um caso psiquiátrico, às tantas era hiperactivo, mas sobredotado não devia ser pois não via a quem pudesse sair e até comentou com a dracena sua mulher: «este nosso filho às vezes tem uns comportamentos um tanto ou quanto surrealistas!» – E eu, Mãe? – quis saber o Joãozinho. A Mãe fez que não ouviu: – Bem, para estar de bem com Deus e com o Diabo a mãe dragão atacou o mau humor do pai dragão duma forma simples e sábia, dizendo: «É da maneira que é menos um prato na mesa.» E pronto! Joãozinho, fim de história. E agora vamos ao que interessa, a ver se o meu menino aprendeu alguma coisa…

Joãozinho estava com ar de quem tem uma pulga atrás da orelha, um sorriso malandro?

– Mas nós não somos dragões! não é Joãozinho? Ora toca lá a lavar a dentuça para que o menino com bom hálito tussa… – A Mãe gostava especialmente de fazer rimas pois sabia que esta era a melhor forma de levar a água ao seu moinho. Mas Joãozinho, no intervalo de uma escovadela, a boca cheia de pasta de dentes e tentando fazer bolhas com a boca, ainda quis saber:

– E o dragão sempre caçou a galinha preta, Mãe?

– Fica para amanhã. Vá! mais uma esfregadela…

– E contas?

– Conto. Agora bochechar…

– Ah! sinto-me como um dragão com hálito de limão!


(1. «Dragão-de-komodo», ou crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis) - Wikipedia; 2. O «Dragão» ao longo da História - idem; 3. Só para nós, humanos: «Prevenção e higiene oral - Perguntas e respostas úteis» - Ordem dos Médicos Dentistas; 4. Já agora: o significado de a) cheirar a cueiros: ser muito novo ainda; cueiro: faixa de baeta ou flanela, pano em que se envolve o corpo das crianças por baixo e especialmente as nádegas; e de b)“bate-barbas”: Batibarba: palmada por baixo do queixo; em sentido figurado: "repreensão severa". Bate-barba (o mesmo que batibarba): discussão acalorada; 5. E perguntam vocês: o que é isso de ter um “comportamento surrealista”? Fiquemo-nos por esta explicação – superficialíssima –, que é a que mais serve a esta história: aquele que joga com as palavras para produzir um efeito de diversão, ou tem um comportamento desconcertante – talvez o pai dragão quisesse dizer que o filho não regulava bem dos pirolitos! – Mas vai-se explicar a fundo, a preceito, a um dragão o que é surrealismo!? o que é “humor negro”!? e dar-lhe depois com uma sebenta nas ventas e pô-lo a estudar!? Claro que não.)

Saturday, September 20, 2014

Paisagem indiscreta com lanchão

















«Post» antecedente: «Paisagem indiscreta»


(1. O desenho em cima (feito com o rato) é a reprodução da fotografia do "Seival", «a única escuna, também chamada "lanchão", que chegou a Laguna"» e que se pode ver no «post» «O "Mar Republicano" de Garibaldi», no «blog» «O Mar das Garrafas / Barcos em Garrafas», de David Luna de Carvalho; acrescentou-se o elemento sempre presente na série "olhares/paisagens indiscretas";

2. Vale a pena destacar (também pela excelência da escrita) a "Introdução" àquele «blog»:

«O Capitão Haddock da banda desenhada do Tintin é uma boa caricatura de como se atribui a relação entre o mar e as garrafas ao alcoolismo dos marinheiros. No entanto a relação que mais nos interessa é a de que os marinheiros tinham com as garrafas já vazias. Tal como com o álcool, a atenção requerida pela introdução de modelos de veleiros no interior de garrafas -pelos seus gargalos- fazia-os evadirem-se da sua dura realidade. Ao contrário das fantasias de Baco o resultado desta outra relação era uma fantasia perdurável com um significado quase bíblico, o do buraco da agulha e do camelo. (...)»;

3. A fotografia é de «5 de julho de 1908, em Laguna, pelo farmacêutico Tácito Pinho», pode ler-se em «Barco Seival», «in» popa.com.br;

4. Por fim: «Seival, lanchão - imagens no google».)

Praia não vigiada




















(Nota: composição a partir de imagens disponíveis na Web)

Wednesday, September 17, 2014

O Soldador e a Procissão

(Pequena peça de teatro)

As cenas ocorrem em dois andares de garagem

Personagens:

O Que Sonha
O Soldador
A Senhora da Limpeza do Escritório
A Dactilógrafa do Escritório (também chamada de A Criada)
As Duas Tias Queimadas
O Homem

Além das cinco mulheres – e aqui se inclui a Tia Maluca (que só é referida) –, mais duas figurantes para a cena da Procissão.

Os personagens apresentam-se um a um no palco, pelos nomes (eu sou… nós somos…), e saem.

A acção, propriamente dita, é assim, em bruto:

1.º Acto – No andar de baixo

O Soldador está a soldar um arco para um sifão. O ferro está incandescente, em brasa. Ao lado dele, O Que Sonha elogia-o: – Quem sabe, sabe!

Um e outro observam o resultado da operação:

– Ficou mais largo – diz O Que Sonha.

– Não interessa… – respondeu O Soldador.

– O que interessa é o que vai por cima – diz O Que Sonha completando-lhe o raciocínio. Aparte para o público: – É a sanita.

2.º Acto – O Que Sonha e o Soldador estão agora no andar de cima.

Por baixo deles, por uma falha na laje, pode ver-se o arco para o sifão ainda incandescente. Observam. A coisa parece estar a correr bem mas O Soldador bate com o pé no chão e o arco em baixo desprende-se da soldadura. O Soldador está muito desiludido. Saem do lugar e pelo caminho encontram um arco mais pequeno.

– Isto é que é um arco! – diz O Que Sonha. – Um arco moderno, o outro parecia da primeira grande guerra, melhor, da segunda grande guerra… – explicou-se melhor: – os da segunda grande guerra são mais antigos porque são nazis.

3.º Acto – Um facto novo se dá:

Passa uma procissão (o Soldador desaparece de cena). É uma procissão de mulheres com vestidos longos. A sombria Senhora da Limpeza do Escritório vem atrás; no meio vem A Dactilógrafa do Escritório (a única de vestidos floridos); as restantes mulheres não se percebe quem são, vê-se que são esguias e que têm panos na cabeça e que vêm com malas na mão.

– Suponho que é a criada – diz O Que Sonha para A Dactilógrafa do Escritório.

– Sou. Sou – diz A Criada. Aparte para o público: – Na verdade sou A Dactilógrafa do Escritório.

– A criada é mais bonita que as patroas – solta para o ar, em voz alta, O Que Sonha.

– É o neto – diz A Criada dirigindo-se a O Que Sonha. Com a palma da mão cobre a boca do lado do interlocutor e segreda para o público: – Sou eu a adivinhar…

– Há aí uma tia maluca – responde O Que Sonha.

– Há. Há – confirma A Criada. A Criada, que na verdade é A Dactilógrafa do Escritório, não pára, segue na procissão. Inclina-se ora para a esquerda ora para a direita e lança beijinhos para o ar como se ali houvesse janelas e gente às janelas para os receber. (destaca-se também porque é a única florida! – nunca é demais dizê-lo.)

– Essas aí são As Minhas Tias Queimadas – diz O Que Sonha. As senhoras estão de frente, lado a lado, e vê-se que têm as faces queimadas. – Foram queimadas no tempo da Inquisição – esclareceu a rir O Que Sonha.

– No tempo da Inquisição – confirma A Criada também a rir (que é, já sabemos, A Dactilógrafa do Escritório).


















Falso 4.º acto (e último) – Os actores param.

Pára a procissão. As caras de riso ficam suspensas, como estão, como numa fotografia. A luz amortece no palco. Entretanto um foco de luz surge e segue O Homem que entra em cena e se põe em primeiro plano. O Homem dirige-se à assistência:

– Bem. E agora? Resta dizer que são sete e onze da manhã e que O Que Sonha foi novamente dormir. Não se sabe se conseguiu retomar a meada da história. Mas nós sabemos, por experiência própria, que isso raramente acontece e, se acontece, não tem os resultados que esperamos. Não é assim? – interpela a plateia.

(ligeira pausa)

E alto e incisivo: – Espero que tenham gostado!

(cai o pano)

(convém que haja palmas para que os actores subam de novo ao palco, a agradecer, satisfeitos.)


Sunday, September 07, 2014

Desempregados (texto de um malandro)

Zig e Zag falam dos desempregados (cartoon):















Vem a propósito: não há muito tempo, o autor deste «blog» encontrou num alfarrabista, dentro dum livro de Alvaro Mutis – A Neve do Almirante –, um manuscrito (não assinado) deveras curioso que guarda religiosamente: manuscrito dentro dum livro que é a história doutro manuscrito dentro doutro livro. – Coincidências! Reza assim:

«Texto de um malandro

O homem não foi feito para trabalhar. O homem foi feito para estar de barriga ao sol, comer umas ameixas, fazer amor, gozar as serranias, os rios e os mares e os pomares.

Nada melhor que andar por aí, a dar pontapés às pedras e a puxar os rabos das sardoniscas. Há que ver a vida do ponto de vista de um combate com um bom prato de comida do qual sucede o arroto, cuspir pevides, fazer filhos, escrever um livro e plantar uma árvore. E ir à bola! – esquecia-me.

Por causa desta minha teoria o meu pai deixou de me falar. Disse-me: «Não falo com malandros!» É vê-lo: que ventas! e eu feliz da vida!

O trabalho – principalmente o assalariado (na verdade só há trabalho assalariado) – escraviza as almas, torna-as torpes, cria maus hábitos, e quando menos se espera está um tipo no fim da vida, reformado, a jogar cartas no jardim com os amigos e os pardais por cima a rirem-se de nós. 

"Estou agora a passar os melhores anos da minha vida" – ouvi isto de uma viúva; dei-lhe razão e hoje estamos juntos a gozar à tripa-forra. O tipo era administrador de um banco que agora faliu!

Se a filosofia nasceu do ócio nada melhor que continuar nela.»


(1. Em todo o caso aqui fica o «MoviME - Movimento Mais Emprego» (vamos ver no que isto dá...); 2. Por falar em desemprego (e lá fora): «Números do emprego nos EUA surpreendem pela negativa» - Público de 2014/09/05; 3. Não podendo esquecer «Álvaro Mutis» - Wikipedia e «A origem da expressão «gastar à tripa-forra»» -Ciberdúvidas da Língua Portuguesa)