Vem a propósito: não há muito tempo, o autor deste «blog» encontrou num alfarrabista, dentro dum livro de Alvaro Mutis – A Neve do Almirante –, um manuscrito (não assinado) deveras curioso que guarda religiosamente: manuscrito dentro dum livro que é a história doutro manuscrito dentro doutro livro. – Coincidências! Reza assim:
«Texto de um malandro
O homem não foi feito para trabalhar. O homem foi feito para estar de barriga ao sol, comer umas ameixas, fazer amor, gozar as serranias, os rios e os mares e os pomares.
Nada melhor que andar por aí, a dar pontapés às pedras e a puxar os rabos das sardoniscas. Há que ver a vida do ponto de vista de um combate com um bom prato de comida do qual sucede o arroto, cuspir pevides, fazer filhos, escrever um livro e plantar uma árvore. E ir à bola! – esquecia-me.
Por causa desta minha teoria o meu pai deixou de me falar. Disse-me: «Não falo com malandros!» É vê-lo: que ventas! e eu feliz da vida!
O trabalho – principalmente o assalariado (na verdade só há trabalho assalariado) – escraviza as almas, torna-as torpes, cria maus hábitos, e quando menos se espera está um tipo no fim da vida, reformado, a jogar cartas no jardim com os amigos e os pardais por cima a rirem-se de nós.
"Estou agora a passar os melhores anos da minha vida" – ouvi isto de uma viúva; dei-lhe razão e hoje estamos juntos a gozar à tripa-forra. O tipo era administrador de um banco que agora faliu!
Se a filosofia nasceu do ócio nada melhor que continuar nela.»
(1. Em todo o caso aqui fica o «MoviME - Movimento Mais Emprego» (vamos ver no que isto dá...); 2. Por falar em desemprego (e lá fora): «Números do emprego nos EUA surpreendem pela negativa» - Público de 2014/09/05; 3. Não podendo esquecer «Álvaro Mutis» - Wikipedia e «A origem da expressão «gastar à tripa-forra»» -Ciberdúvidas da Língua Portuguesa)
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