Deu a ler o jornal ao companheiro de pequeno-almoço. A notícia rezava assim:
«Índios Aguaruna, com zarabatanas envenenadas - os célebres caçadores de cabeças -, mataram ontem três franceses e um peruano que os tentavam filmar numa zona remota da Amazónia. (...)»
(a notícia continuava, descrevendo os pormenores)
O companheiro de ocasião, que ocupava uma cadeira de verga colocada estrategicamente no alpendre do hotel, ficou hirto, primeiro, e depois balbuciou:
- Mas... ainda existem caçadores-de-cabeças?!...
- Parece que sim, a crer na notícia...
- Vai ver, senhor, que é para correr a gente daqui!...
(na verdade, não era de desprezar a hipótese de a notícia ter sido manipulada com o objectivo de afastar a presença de forasteiros)
Fechou o jornal e recostou-se na cadeira, pensativo. Depois sorriu e levantou-se sem dizer quaisquer palavras!
(Nota 1, 1989?: os Aguaruna pertencem à tribo Jíbara. Condenados a uma lenta integração na sociedade peruana vivem da pesca e da agricultura. Os 4 homens foram mortos a tiro e atirados ao rio Marañón. A notícia, na verdade, pouco mais adiantava e o que realmente se passou ficou para sempre um enigma)
(Nota 2, 2006: em 1993 a população recenseada andava à volta de 45.137 pessoas; fonte: http://peruecologico.com.pe/etnias_aguaruna.htm)
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