Saturday, October 31, 2015

Sapos de olhos cosidos

Zig e Zag e os sapos dos olhos cosidos (cartoon):

















(1. «(…) aos sapos que se coseram os olhos há que queimá-los para que não se vinguem com crueldade, os sapos com os olhos cosidos são muito rancorosos (…)» - Madeira de Buxo (Madera de Boj, 1999), de Camilo José Cela; 2. «Sapos: O tabu da etnia cigana» - Sol, 2013/06/11; 3. A propósito: «Camilo José Cela» - Wikipedia)

Friday, October 30, 2015

Os duelos sem fim de Dom Rodolfo e do alfaiate Meireles

I – Quando dom Rodolfo se travou de razões com o alfaiate Meireles

Acontece…
Dom Rodolfo travou-se de razões
Com o alfaiate Meireles
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o reles!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou o alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou o alfaiate
O quanto vale ser alfaiate!

II – Quando o alfaiate Meireles se travou de razões com dom Rodolfo

Acontece…
Desta vez foi o alfaiate Meireles que se travou de razões
Com dom Rodolfo
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o balofo!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!

III – Quando o filho de dom Rodolfo se travou de razões com o filho do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o filho de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o filho do alfaiate Meireles
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho reles!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos de dom Rodolfo e do alfaiate Meireles
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre!–
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!

IV – Quando o filho do alfaiate Meireles se travou de razões com o filho de dom Rodolfo

Acontece…
Desta vez foi o filho do alfaiate Meireles que se travou de razões
Com o filho de dom Rodolfo
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho balofo!

Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.

No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos do alfaiate Meireles e de dom Rodolfo
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!

Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou a honra do filho de dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!

E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou a honra do filho de dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!

V – Quando o pai de dom Rodolfo se travou de razões com o pai do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o pai de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o pai do alfaiate Meireles
Meteram-se os filhos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia idosos
A coisa resolveu-se com os filhos
O seu pai mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um pai reles!

(…)

(é uma lengalenga que, com as devidas adaptações, pode meter a criada (“como metia criadagem / a coisa resolveu-se com os patrões”), o vizinho, etc.. Ao gosto e imaginação de cada um…)

Só mais esta:

VI – Quando o cão de dom Rodolfo mordeu o cão do alfaiate Meireles

Acontece…
Desta vez foi o cão de dom Rodolfo que mordeu
O cão do alfaiate Meireles
Meteram-se os donos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…

Como metia canídeos
A coisa resolveu-se com os donos
O senhor não sabe dar educação ao seu cão?
Respondeu-lhe o Meireles:
Já falei com ele, diz que sim,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um cão reles!

(…)


(1. «Duelo» - Wikipedia; 2. Dicionário: a) duelo: combate singular entre duas pessoas, precedido de desafio ou repto, escolha de testemunhas e indicação de local e armas; contenda entre dois indivíduos ou dois Estados desavindos; luta com armas iguais; b) sacramento: a confissão, a comunhão e a extrema-unção, que os católicos recebem, quando em perigo de morte; c) extrema-unção: um dos sete sacramentos, que se confere a um doente em perigo de vida; d) afilhado: o que é apadrinhado no baptismo, no registo de nascimento, no casamento ou em acto de doutoramento; protegido; favorecido; não sendo aqui o caso, é também a testemunha de um duelo; e) chilique ou chelique: este, termo popular, significando delíquio, desmaio nervoso, desfalecimento, perda dos sentidos.)

Sunday, October 11, 2015

Só mesmo engolindo o bloco...


















(1. A entrevista: “Só engolindo o Bloco o PS pode ganhar eleições” (Entrevista a Nuno Garoupa, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos) - Expresso de 2015/10/10; 2. Nota: composição com recurso a imagens disponíveis na Web)

Saturday, October 10, 2015

Viva o professor Marcelo!

Zig e Zag falam da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República (cartoon):

















(1. As notícias: «Marcelo na terra da avó Joaquina»«Marcelo: "Cumprirei o dever moral de pagar a Portugal o que Portugal me deu"» - Expresso e Público de 2015/10/09; 2. «O dia em que Marcelo mergulhou vestido à Maria Cachucha» - Jornal Expresso; 3. Marcelo Rebelo de Sousa neste «blog» - duas leituras: a) «Professor Marcelo? Ou Professor Pardal?»; b) «Um leitão de bom calibre é coisa que nunca se esquece!»)

Wednesday, October 07, 2015

O ouriço emboscado

























(1. Desenho digital feito com o dedo em tablet; 2. Imagens de «ouriço» - Google)

Saturday, October 03, 2015

O silêncio eleitoral do Zig e do Zag

Zig e Zag, tal como os restantes portugueses(?), também entraram em silêncio, visto que é o período de reflexão eleitoral (cartoon):

















(1. Uma opinião que talvez venha a propósito: «As campanhas eleitorais já não são o que eram…» - Público de hoje; 2. Ainda a propósito: «Homem-de-neandertal» - Wikipedia e «Yo-Nander-Tal» - neste «blog».)