I – Quando dom Rodolfo se travou de razões com o alfaiate Meireles
Acontece…
Dom Rodolfo travou-se de razões
Com o alfaiate Meireles
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o reles!
Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.
No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!
Mas eis que – Milagre! –
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou o alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!
E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou o alfaiate
O quanto vale ser alfaiate!
II – Quando o alfaiate Meireles se travou de razões com dom Rodolfo
Acontece…
Desta vez foi o alfaiate Meireles que se travou de razões
Com dom Rodolfo
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
O senhor mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Não retiro uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem é o balofo!
Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.
No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!
Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!
E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!
III – Quando o filho de dom Rodolfo se travou de razões com o filho do alfaiate Meireles
Acontece…
Desta vez foi o filho de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o filho do alfaiate Meireles
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho reles!
Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu balofo
É um prazer dom Rodolfo.
No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O homem da taverna por dom Rodolfo
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos de dom Rodolfo e do alfaiate Meireles
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
O alfaiate Meireles ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
Dom Rodolfo,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E o Meireles cai ao chão
Esticado como um cão!
Mas eis que – Milagre!–
O alfaiate Meireles se levanta
Sacode o pó e canta:
O botão em prata
Da casaca do alfaiate
Salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!
E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o botão em prata
Da casaca do alfaiate
Que salvou a honra do filho do alfaiate,
O quanto vale ser alfaiate!
IV – Quando o filho do alfaiate Meireles se travou de razões com o filho de dom Rodolfo
Acontece…
Desta vez foi o filho do alfaiate Meireles que se travou de razões
Com o filho de dom Rodolfo
Meteram-se os pais
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
Como metia menores
A coisa resolveu-se com os pais
O seu filho mantém o que disse?
Respondeu-lhe dom Rodolfo:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um filho balofo!
Pode ser pistolas
Seu artolas?
Pode ser o que quiser
Dar-lhe um tiro, pelo meu filho, seu reles
É um prazer alfaiate Meireles.
No dia seguinte
No pontão do Farol
Ao fim da tarde
Pela missa das sete
Compareceram as testemunhas:
O conde de Abranches pelo alfaiate Meireles
O homem da taverna por dom Rodolfo
Mais a aldeia
O juiz
O padre – para os sacramentos
O coveiro – para o funeral
Os filhos do alfaiate Meireles e de dom Rodolfo
E a Maria Machadinha, afilhada do alfaiate Meireles,
Para a cena dos gritos e do chilique.
Dom Rodolfo ficou do lado do farol
Próximo do penhasco
O alfaiate Meireles,
Do lado das casas
Perto do tasco.
Deram-se os passos
O juiz ordenou
O povo estava em pulgas
E nem se coçava
Dois estalidos se ouviram
E dom Rodolfo cai ao chão
Esticado como um cão!
Mas eis que – Milagre! –
Dom Rodolfo se levanta
Sacode o pó e canta:
O brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Salvou a honra do filho de dom Rodolfo,
O quanto vale ser brasonado!
E a aldeia cantarolava:
Sobrou uma missa
Sobrou uma cova
Foi o brasão em prata
Da casaca do fidalgo
Que salvou a honra do filho de dom Rodolfo
O quanto vale ser brasonado!
V – Quando o pai de dom Rodolfo se travou de razões com o pai do alfaiate Meireles
Acontece…
Desta vez foi o pai de dom Rodolfo que se travou de razões
Com o pai do alfaiate Meireles
Meteram-se os filhos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
Como metia idosos
A coisa resolveu-se com os filhos
O seu pai mantém o que disse?
Respondeu-lhe o Meireles:
Diz que não retira uma vírgula,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um pai reles!
(…)
(é uma lengalenga que, com as devidas adaptações, pode meter a criada (“como metia criadagem / a coisa resolveu-se com os patrões”), o vizinho, etc.. Ao gosto e imaginação de cada um…)
Só mais esta:
VI – Quando o cão de dom Rodolfo mordeu o cão do alfaiate Meireles
Acontece…
Desta vez foi o cão de dom Rodolfo que mordeu
O cão do alfaiate Meireles
Meteram-se os donos
Era contenda de famílias
Vinha de pais e avós…
Como metia canídeos
A coisa resolveu-se com os donos
O senhor não sabe dar educação ao seu cão?
Respondeu-lhe o Meireles:
Já falei com ele, diz que sim,
Venha daí seu Calígula
E escolha as armas
Eu digo-lhe quem tem um cão reles!
(…)
(1. «Duelo» - Wikipedia; 2. Dicionário: a) duelo: combate singular entre duas pessoas, precedido de desafio ou repto, escolha de testemunhas e indicação de local e armas; contenda entre dois indivíduos ou dois Estados desavindos; luta com armas iguais; b) sacramento: a confissão, a comunhão e a extrema-unção, que os católicos recebem, quando em perigo de morte; c) extrema-unção: um dos sete sacramentos, que se confere a um doente em perigo de vida; d) afilhado: o que é apadrinhado no baptismo, no registo de nascimento, no casamento ou em acto de doutoramento; protegido; favorecido; não sendo aqui o caso, é também a testemunha de um duelo; e) chilique ou chelique: este, termo popular, significando delíquio, desmaio nervoso, desfalecimento, perda dos sentidos.)
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Friday, October 30, 2015
Wednesday, November 05, 2014
"Pistolas de doze tiros"
e muito úteis em certas circunstâncias
(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)
(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))
(Títulos de há 160 anos ou pouco mais completados agora para melhor entendimento)
(Ficha Histórica da Revista universal lisbonense: jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios por uma sociedade estudiosa - Castilho, António Feliciano de, red. - Existências: T. 1, n. 1 (1 Out. 1841)-a. 13, s. 3 (Ago. 1853))
Wednesday, April 03, 2013
Monday, October 15, 2007
A nova pistola da polícia portuguesa: a Glock-bock 19
A polícia portuguesa (PSP e GNR) vai ter uma nova pistola: é a Glock 19. O Chefe Pirilampo-Brilha-à-Noite-que-se-Farta deu conta das vantagens:
1. o projéctil em vez de ser a tradicional bala é uma bock (da super) e por isso não mata, apenas causa uma grandessíssima mocada
2. é atractiva, porque há muito bêbedo cá neste canteiro que dá as calças e cinco tostões por uma a estalar
3. principalmente no Norte vai ser um ver se te havias
4. por último, não vai ser preciso correr atrás do metralha pois ele cai mais à frente perdido de bêbedo

Legenda: a nova Glock-bock (uma arma que não mata!)
Já há quem lhe chama a Glock-bock e esquece-se o 19 pois dá um ar apaneleirado à arma.
(1. Uma notícia quase idêntica: «Curso em Tavira com glock 19. Polícias já usam nova pistola» - Correio da Manhã de 2007/10/15; 2. A propósito (passe a publicidade): Cerveja Super Bock; 3. E ainda a propósito: «Cerveja» e «Cerveja no mundo» «in» Wikipedia)
1. o projéctil em vez de ser a tradicional bala é uma bock (da super) e por isso não mata, apenas causa uma grandessíssima mocada
2. é atractiva, porque há muito bêbedo cá neste canteiro que dá as calças e cinco tostões por uma a estalar
3. principalmente no Norte vai ser um ver se te havias
4. por último, não vai ser preciso correr atrás do metralha pois ele cai mais à frente perdido de bêbedo

Legenda: a nova Glock-bock (uma arma que não mata!)
Já há quem lhe chama a Glock-bock e esquece-se o 19 pois dá um ar apaneleirado à arma.
(1. Uma notícia quase idêntica: «Curso em Tavira com glock 19. Polícias já usam nova pistola» - Correio da Manhã de 2007/10/15; 2. A propósito (passe a publicidade): Cerveja Super Bock; 3. E ainda a propósito: «Cerveja» e «Cerveja no mundo» «in» Wikipedia)
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