Wednesday, September 17, 2025

Jubileu das Autoridades Civis. Deus, Paulo Rangel, Política e Religião.

Legenda: Desenho a lápis (tratado digitalmente) e fotografia do autor.


(1. «Perfectibilidade» – Dicionário de Filosofia

("(...) Rousseau via nela o próprio da humanidade: além da liberdade, explica ele, “há outra qualidade muito específica que distingue o homem do animal, e acerca da qual não pode haver contestação: é a faculdade de se aperfeiçoar, faculdade que, com a ajuda das circunstâncias, desenvolveu sucessivamente todas as outras e reside entre nós, tanto na espécie como no indivíduo; ao passo que um animal, ao cabo de alguns meses, é o que será o resto da vida, e sua espécie, ao cabo de mil anos, o que era no primeiro ano desses mil anos” (Discurso sobre a Origem da Desigualdade, I: mesma ideia em Pascal, mas sem a palavra perfectibilidade, em seu Préface au Traité du Vide [Prefácio ao Tratado do Vazio].

"A ideia de perfectibilidade do homem surge no século XVIII, com a atenuação das barreiras teológicas que reservavam tal propriedade a Deus. Para autores Iluministas como Condorcet e Godwin, a perfectibilidade torna-se uma tendência suscetível de ser de fato realizada na história humana. Antes de Kant, tanto Rousseau como o pensador escocês Lord Monboddo (1714-99) anteviram a perfectibilidade como capacidade para o progresso moral e para a autolegislação humana. O século XIX representou o apogeu da crença na perfectibilidade, sob a influência de Saint-Simon e, depois de Kant, Hegel, Comte e Marx. Com a teoria da evolução foi possível ver a história econômica e cultural como um progresso, uma adaptação crescente desde os estados primitivos e não-desenvolvidos até o ideal potencial, associado à liberdade e à auto-realização da humanidade. Este otimismo, frequentemente aliado a uma confiança ilimitada na melhoria da condição humana mediante o avanço da ciência, não sobreviveu ao desgaste do século XX.");

2. «"Socialista, republicano e laico": identidade, programa político e societário» ("download" em SPinto_10_ Communio.pdf) – Sérgio Pinto, "Communio, XXVII (2010/1), pp. 43-51, Universidade Católica Portuguesa

("(...) No quadro da perspectiva contratualista, a desconfessionalização do Estado e da sociedade não negou o estatuto público à religião, pese embora as franjas para quem a laicidade isso exigisse. Todavia, a desconfessionalização e a separação pretendem estabelecer uma configuração social na qual o religioso deixa de ser a sua base de coesão, remetendo-o, pelo menos tendencialmente, para a esfera privada. A pertença religiosa é colocada prevalentemente sob o prisma da liberdade individual, do foro da consciência, daí o combate às instituições religiosas; em grande medida, o debate em torno da lei da separação de 1911 inscreve-se na disputa pela liberdade de associação e dos limites da mesma, a partir da consideração das entidades públicas como as instâncias a quem competia a construção da legitimidade e da coesão social, pela secundarização das instituições religiosas. //

"Está em jogo, por isso, a configuração da pertença religiosa na sociedade contemporânea, o seu papel na determinação do indivíduo quanto às suas diferentes esferas de acção e o modo como a afirmação da sua confessionalidade, ou ausência dela, é equacionada num quadro social que não faz da instância do religioso a base da pertença à sociedade. A questão da cidadania e a disputa pela sua configuração coloca, em certa medida, a questão da possibilidade e do alcance da separação dos diferentes âmbitos – político e religioso, mas também económico, social e cultural – e do seu grau. A determinação da separabilidade diz respeito tanto ao indivíduo e à sua actuação como às instituições, quer às confissões e denominações religiosas como ao Estado e aos respectivos agentes de ambas." - p. 50);

3. A propósito: «desigualdade social» – Infopedia
("Rousseau e Marx viram na propriedade a origem da desigualdade, enquanto que, para Durkheim, é a divisão do trabalho que a origina.");

4. A notícia de que se fala com as palavras de Paulo Rangel: «Lisboa: Cardeal Parolin defende necessidade de falar «da dignidade humana», «com coragem e verdade»» – Agencia Ecclesia em 2025/09/13;

5. a) Nota para os que andam distraídos: Paulo Rangel é Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa do XXV Governo Constitucional; e b) A ideia dos sapatos vem de "Os sapatos de Deus – Para um decálogo do Cristianismo", de José Miguel Cardoso, ed. Paulus, 2025.)

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