Wednesday, March 25, 2020

Coronavírus - Passagem "a salto" da fronteira

Nos finais dos anos 40 do século passado, André, um preso político, fugido da prisão, conhece o contrabandista Lambaça que o passa, "a salto", na fronteira. São "cinco dias e cinco noites" em que dois homens com princípios e motivações completamente diferentes acabam por conquistar o respeito um do outro.

Ano 2020. Fecharam as fronteiras. Desta vez o espírito salta-pocinhas típico português, perante um desgraçado coronavírus, fá-lo voltar às velhas estratégias do passar "a salto" a fronteira. E aí não faltam rios e riachos com água pelos pés, caminhos e estradas velhas de meter dó, cancelas e tabiques de morrer a rir e calhaus e sombras onde dá vontade de merendar, de modo que passar a fronteira é uma brincadeira de criança.

Imagem do Jornal da Tarde de 2020/03/25, na SIC, a que se acrescentou "14 Dias, 14 Noites".





















Antes havia uma guarda-fiscal do lado de cá que não hesitava em disparar no couro do André e do Lambaça e uns "carabineros" do lado de lá, que eram complacentes. Mas hoje guardas de um lado e do outro perderam o traquejo, já não têm memória, e nem sabem disparar. De modo que o único conselho possível que podemos dar aos senhores salta-pocinhas que passem a fronteira à sorrelfa é o de lavarem bem as mãos à entrada, esfregarem-nas bem na relva ou num tronco de árvore que esteja à mão e manterem o distanciamento social. Até porque passar ao magote dá muito nas vistas!


(1. «De quarentena ou isolamento: e agora?» - SIC Notícias de 2020/03/16; 2. O filme e o livro: «"Cinco Dias, Cinco Noites" (excerto)» e na Infopédia; 3. «Coronavírus» neste «blog».)

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