Com o regresso à estação de televisão do comentador, chega finalmente ao fim a saga da biblioteca de Marques Mendes.
Cabe agora fazer uma análise a tudo quanto escrutinámos e ver se de facto chegamos a algumas conclusões válidas.
Repararam que fizemos tábua rasa das análises políticas domingueiras, não porque não tivessem o seu valor mas porque não era esta a nossa finalidade. Debruçámo-nos sobre o conteúdo da biblioteca, verificámos se era mexida ou não, e, por acaso, só nos esquecemos de verificar se limpavam o pó aos livros. Mas achamos que sim, seria coisa que se notava logo pois onde há livros poeirentos há aranhiços e nós não vimos nenhum. Quisémos saber se aquilo era uma biblioteca para inglês ver, isto é, se era para consumo voyeurista dos portugueses ou antes, e como deve ser, uma biblioteca realmente digna do nome.
Tiramos agora algumas conclusões:
1.ª - Trata-se de uma biblioteca generalista que aborda as frases do ano, a política e outras coisas de A a Z, com autores conhecidos e para todos os gostos, uns mais eruditos, outros, se calhar, nem tanto. Isso abona a favor do seu proprietário.
Análise de Marques Mendes no jornal da noite de 2020/05/10, na SIC. |
2.ª - Tem, como qualquer biblioteca, um adereço, que, no caso, é um passepartout, invocativo de alguma memória familiar. Fica bem, pois alegra o olhar. Notámos também que há livros que, por falta de espaço, são depositados por cima de outros, mas isso é a coisa mais normal do mundo.
3.ª - Não é uma biblioteca a armar ao pingarelho. Não há livros encadernados a couro e debroados a letras douradas. São, tudo indica, livros de uso.
4.ª - É uma biblioteca bastante variada em termos de cores, sendo certo que algumas dessas cores se destacaram, ou porque mudassem de lugar, ou porque desaparecessem subitamente, ou porque andassem de tempos a tempos às cambalhotas, ou seja, de cabeça para baixo. Foi o caso de um certo livro amarelo.
5.ª - Como em todas as bibliotecas que são bibliotecas tem que haver sempre uma nova entrada, um caloiro, um livro que vem apimentar o gosto. Foi o caso dum certo livro azul. E quando assim acontece geralmente sai um velho, no caso um vermelho que foi para outras paragens. O desaparecimento de um livro, ao contrário do que se possa pensar, é um bom sinal pois toda a gente sabe - ou devia saber - que quando um livro vai de viagem o mais certo é estar na casa de banho ou então na mesinha de cabeceira. Quem lê verdadeiramente lê em qualquer lugar e muita da boa cultura adquire-se sentado na sanita mesmo enquanto se assobia. Excelente sinal, portanto.
6.ª - O livro azul levantou uma interrogação maior pois não chegamos a saber se se prendia com algum entusiasmo por OVNIS e conspirações alienígenas. Seja como for, livros deste género ou fascículos de banda desenhada, policiais, livros de espiões vindos do frio, ficam sempre bem numa biblioteca e podem impressionar muito as visitas.
Por tudo isto tiramos o chapéu a Marques Mendes e à sua biblioteca!
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