Na ânsia de disputar o eleitorado do CHEGA, o governo de Montenegro entrou numa espiral populista, de extrema direita.
Foi o caso da mega-operação da passada Quinta-feira, dia 19, no Martim Moniz, que, atrás de “percepções” que associam criminalidade a imigração, e usando de uma desproporção policial de meios em relação aos resultados alcançados, expôs pessoas, inocentes, de uma forma indigna e humilhante: encostadas a uma parede (uma rua inteira), lembrando algo longínquo, nada agradável...
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O governo de Montenegro entrou numa espiral populista, de extrema-direita. |
O que envergonha um país com mais de 2,1 milhões de portugueses emigrados, nascidos em Portugal e a viver no estrangeiro, ou, se quisermos, 4,6 milhões de cidadãos espalhados pelo mundo com origem portuguesa!
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(1. Sobre xenofobia:
a) «Xenofobia» – Wikipedia
“Xenofobia é o medo ou aversão a qualquer coisa que seja percebida como estrangeira ou estranha. É uma expressão que se baseia na perceção de que existe um conflito entre um grupo interno e um externo e pode manifestar-se na suspeita das atividades de um grupo por parte de membros do outro grupo, num desejo de eliminar a presença do grupo alvo de suspeita e medo de perder uma identidade nacional ou étnica.”
e b) «Na casa dos outros» – Tália Moniz, em 2024/03/12, no Público
“Agora moro em Lisboa e nada poderia parecer mais incerto. Sou uma mulher de cor timorense, indiana, cigana, paquistanesa, brasileira que todos os dias vive dos impostos dos verdadeiros portugueses e que desesperadamente merece voltar para o seu país, onde quer que ele seja. Porque ter nascido em Coimbra, falar fluentemente a língua, ter como prato preferido um bom e velho bacalhau com natas, ter a mesma religião de todos os portugueses de bem e ir à missa todos os domingos nunca será suficiente, irá sempre faltar alguma coisa, ainda me vão perguntar no comboio de onde realmente sou.”
2. As notícias do que se passou no Martim Moniz no dia 19/12/2024:
a) «PCP considera ação policial no Martim Moniz "operação de marketing e propaganda"» – Observador de 2024/12/20
b) «Rusga no Martim Moniz abre guerra política» – Correio da Manhã, 2024/12/21
“O líder da comunidade do Bangladesh em Lisboa, Rana Taslim Uddin, considera “inaceitável” a operação policial com “meios excessivos” que decorreu no Martim Moniz e que não foi detetado qualquer crime entre os compatriotas.”
c) «Encostaram dezenas de pessoas à parede, apreenderam uma arma branca. Operação policial no Martim Moniz gera críticas ao Governo» – TVI Player em 2024/12/19
d) «Autarca de junta indignado com operação policial no Martim Moniz pede saída da ministra» – RTP Notícias de 2024/12/20
“Em declarações à agência Lusa, Miguel Coelho (PS) indicou que vai hoje à Rua do Benformoso, junto à praça do Martim Moniz, na freguesia que gere: "Alguém tem de pedir desculpa a estas pessoas e, já que não vai lá o senhor Presidente da República, vou lá eu."”
e) «Detidos no Martim Moniz são portugueses. PSP diz que "foi respeitada a dignidade de todos"» – Jornal de Notícias de 2024/12/20
f) «Ministra da Administração Interna mantém silêncio sobre polémica intervenção policial» – RTP Notícias de 2024/12/20
e g) «Esquerda diz que Montenegro se "apropriou" de medidas de "extrema-direita", Chega confirma» – Rádio Renascença de 2024/10/20
3. Lições da nossa História para reflexão:
a) «ASPECTOS DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA», ARROTEIA, Prof. Dr. Jorge Carvalho, Universidade de Aveiro – Portugal; «in» MIGRACIÓN Y CAMBIO SOCIAL, Número extraordinario dedicado al III Coloquio Internacional de Geocrítica (Actas del Coloquio); Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, Nº 94 (30), 1 de agosto de 2001
“A análise da emigração portuguesa revela a existência de variações muito significativas desde o início do século XV (...) passou a ser uma constante desde o início do século XVII após a descoberta das minas de ouro e de pedras preciosas no Brasil e o arranque da emigração para estas paragens.”
Destacam-se alguns períodos: “(…) com destino ao Brasil durante o século XVIII”; “última década do século XIX”; “primeira metade do século XX”; “entre 1955 a 1974”; “1955-1969: saídas para a Europa em detrimento da corrente tradicional, com destino ao Brasil”; “uma segunda alteração que se verificou através do incremento das saídas clandestinas as quais vieram a superar, nos anos de 1969, 1970 e 1971, as saídas legais então registadas” (“razões de natureza política decorrentes do regime Salazarista e da guerra em África justificaram muitas dessas saídas”); “entre 1974 e 1988”; recentemente e posteriormente a este estudo, que data de 2001.
“E os valores referentes à população de origem nacional residente em países estrangeiros nos finais da década de noventa é esclarecedor da dimensão da "Diáspora Portuguesa" na actualidade: cerca de 4,6 milhões de cidadãos, de origem portuguesa residentes nos cinco continentes, a saber: Europa (1 336 700), África (540 391), América Norte (1 015 300), América Sul (1 617 837), América Central (6 523), Ásia (29 271) e Oceânia (55 459).” – Como se disse, o estudo é de 2001.
e b) «Cerca de 60 mil portugueses emigraram em 2022, Suíça volta a ser principal destino» – Expresso de 2024/01/29
“Portugal tem, de acordo com os dados das Nações Unidas citados no documento, "um pouco mais de 2,1 milhões de portugueses emigrados, isto é, de pessoas nascidas em Portugal a viver no estrangeiro".”
“Ocupa assim a 26.º posição no ranking dos países com mais emigrantes (...)”
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