A mãe: “Filho! Agarra aí no piloiro-de-linha.”
“Quê?”
“O novelo…”
“Deixa primeiro apontar essa!”
(
Piloiro-de-linha (termo de Goa): o mesmo que novelo)
“Pilocas! Pilocas!” – Chamava as galinhas para comer.
A vizinha, que dava pelo nome de dona Milocas:
“Um dia destes mando-lhe uma chumbada…”
(
Pilocas! (interjeição): voz usada para chamar galinhas)
Conhecia toda a gente, vila e redondezas. Não havia vivalma que não entabulasse conversa com ele e fizesse amizade.
Soube de mais um que se fora para a terra da verdade. Pôs pés ao caminho e foi apresentar pêsames.
(Alguém disse: “Vem aí o pesamenteiro!”)
A história do costume: a boa pessoa que era, a vida é madrasta, os bons é que se vão, nunca descambando para a tristeza-desgraça, levantando o moral, lembrando os momentos picarescos, avivando o apetite, uma graçola aqui outra acolá… Criar ambiente, deixar as horas passar até os enlutados sentirem fome de rabo.
(Quando havia picurruchada, sempre pronta a lambuzar-se e fora de estados fúnebres, ainda melhor!)
“Come co’a gente…”
“Ora essa! Que maçada…”
Que não, que não era maçada…
“Pois se não é…” toca a ir dar ao dente! (não o disse mas pensou) E só podia ser assim, porque a seguir à funerária e ao padre o pesamenteiro era uma autêntica instituição, espécie de cronista social que se tinha de trazer nas palmas da mão…
(E como aquela gente comia!)
(
1. Pesamenteiro (brasileirismo): aquele que, a pretexto de dar pêsames, se introduz nas casas para comer; 2. Fome de rabo (sentido figurado): muita vontade de comer; fome extrema; 3. Picurruchada (brasileirismo): pequenada)
Zig e Zag falam de um peixe chamado Peixoto (cartoon):
(
Peixoto (antigo): peixe pequeno)
"Está um tempo chato, mijaceiro!"
(
Mijaceiro (provincianismo): chuva miúda)
"Onde penduro o casaco?"
"Aí. No guincheiro."
(
Guincheiro (provincianismo transmontano): pequeno galho de árvore e que, pelos vistos, também serve para cruzeta)
A vida dele era guerrilhar por tudo e por nada!
(
Guerrilhar: fazer guerrilha)
Pertencia à Maçonaria.
Era o guarda-selos.
Franquiava o correio...
(
Guarda-selos (Maçonaria): empregado de uma loja)
"Estás a ver aquele ali? É o guarda-bando."
"Só podia ser! Com uma banda daquelas..."
(
Guarda-bando: paquiderme que, mais corpulento e respeitado que os outros do seu bando, anda com eles no mato.)
"Havias de ver! Grimpou-se p'ra cima de mim duma maneira!..."
"Quem?"
"Ora! Quem havia de ser? A minha mulher..."
"Lá teve as razões dela..."
"Às tantas!"
(
Grimpar: arremessar-se a, investir contra alguém)
A gurizada andava num rodopio tal que, pelo sim pelo não, o Diabo acoitou-se para longe.
(
Gurizada (brasileirismo popular): pequenada)
Não era tão mau como isso… Era pior!
Arrematou-o no leilão. Rinchava e era uma autêntica faca! E não era de muita palha.
(
1. Rinchar: o mesmo que relinchar; 2. Faca (aqui): cavalo pequeno, leve, delgado e magro; 3. Palha (no contexto): folha de coqueiro que serve de pasto para os cavalos (Brasileirismo do Sul))
Exibia orgulhoso uma espada de plástico. Pela cor, era "arma preta".
(
Arma branca: a arma em aço ou ferro usada para o ataque ou para a defesa)
Alcunha que lhe ficou do tempo em que brincava aos índios. No fim saiu derrotado… Era do 7.º de Cavalaria!
(
A propósito: «George Armstrong Custer» (onde se fala do 7.º Regimento de Cavalaria))
Para que servia o arcabuz? Ora! Para decorar as paredes. E também para dizer que fora do avô, que tinha pergaminhos. E para qualquer eventualidade…
(
1. Arcabuz: arma de fogo antiga, de cano curto e boca larga; 2. Pergaminhos (aqui): títulos de nobreza, memórias.)
Trabalhou que se fartou! A prova disso estava na quantidade de aparas de lápis espalhadas no cinzeiro…
“Com que então? A agaiolar!”
“É verdade. Só falta o melro…”
(
Agaiolar: dar forma de gaiola a, tornar semelhante a gaiola.)
Trazia sempre consigo uma garrafinha com água-de-arcabuzada, para o que desse e viesse…
(
Água-de-arcabuzada: solução alcoólica de vinagre)
Um sapo, para ver mais longe, abusinou-se nas costas dum comparsa.
(
Abusinar-se
(provincianismo beirão, Portugal): alapardar-se, sentar-se)
Vítor Gaspar apresentou, este Sábado, o livro infantil «A crise explicada às crianças». Uma história com um urso gordo (o défice) e um enxame de abelhas furiosas (os mercados). Pelos vistos, leitura para miúdos de direita e para miúdos de esquerda, conforme o lado em que se pegue o livro. Mas falta saber se é tema que interesse realmente à miudagem...
Aqui ficam algumas pistas:
1.
Na sala de aula:
O professor: E agora abram o livro «A Crise Explicada às Crianças».
Aluno: Setôr, dá licença d'ir à casa de banho?
2.
A mãe para o filho: Ou comes a sopa toda ou vais ler A Crise Explicada às Crianças.
O filho: Não pode ser antes o Dois Governantes na Lista do Espião?
3.
O filho preparava-se para ver na televisão o Disney Kids e, mau sinal!, não havia cacau com leite...
A mãe: Hoje vais começar a ler A Crise Explicada às Crianças.
O filho: Tenta! Vou fazer queixa à protecção de menores. E ganho.
4.
«
Pai! Posso utilizá-lo para fazer aviões de papel?»
(
1. A notícia (apresentação do livro para Sábado, dia 12 de Maio, às 16:30 horas, na Bertrand Picoas Plaza, em Lisboa): «Vítor Gaspar apresenta livro "A Crise Explicada às Crianças"» - RTP de 2012/05/10; 2. E «Dois governantes na lista do ex-espião» («Jorge Silva Carvalho contactou Miguel Relvas e Marco António Costa para garantir a sua nomeação para secretário-geral das secretas» - Expresso de 2012/05/12)
A medalha do "pimpão" ao detalhe:
Hum... Estranho! Não diz o galinheiro...
(
1. E perguntam vocês, curiosos que são da vida, o que é isso de «Honoris causa» - a resposta na Wikipedia; 2. Composição a partir de imagens existentes na Web)
(
Composição a partir de imagens existentes na Web)
o equilíbrio é instável.
(
1. Baixa Califórnia, México: formação rochosa resultante da erosão do vento e lava do vulcão Kilauea, no Hawai; 2. Técnica: c
olagem, um prego e tratamento digital)
