Friday, December 05, 2025

Operação Influencer. Escutas da Operação Influencer.

2025/12/04. Amadeu Guerra recusa dar esclarecimentos.

I

Já uma vez aqui se escreveu (2024/07/10) que “coincidência” é o termo utilizado para referir acontecimentos com alguma semelhança, mas sem relação de causa e efeito entre si.

Que “possibilidade” é algo que pode acontecer e não acontecer. 

E que “probabilidade” é uma estimativa do quanto pode acontecer e pode não acontecer.

A propósito disto, dois bonecos numa paragem de autocarro, o Zig e o Zag, comentavam. Um, o Zig, dizia: “Tenho uma teoria, muito minha, sobre as coincidências. Uma coincidência deixa de ser coincidência quando seja razoável admitir uma possibilidade, com probabilidades, de B ter produzido sobre A, ou A sobre B, determinados efeitos que condicionaram a sua acção.

O outro, o Zag, perguntava com um sorriso: “E isso tem aplicação prática?

Claro!” – Respondeu o Zig. – “Da Política à Justiça, acabando no vizinho do 3.º andar.

Este começo não era inocente, pois se referia à entrevista da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, dada à RTP1, não só a propósito do Processo “Influencer” e de um célebre parágrafo (que agora vem ao caso novamente), mas também de outros momentos em que ocorreram fugas de informação, revelação de conteúdos de escutas em momentos políticos específicos; o processo “Corrupção na Madeira” e a detenção de três arguidos durante 22 dias sem uma detenção validada pelo juiz de instrução; as declarações da Ministra da Justiça, uma campanha orquestrada e formas de pressão; as escutas telefónicas a João Galamba durante quatro anos... (*)

II


Passou o tempo e estes dias soube-se mais três coisas. Uma, que a Revista Sábado publicou, dia 3, as escutas da “Operação Influencer”, onde António Costa aparece cerca de 50 vezes (1); outra, que Amadeu Guerra, o actual Procurador-Geral da República, se mostrou visivelmente chateado com a interpelação dos jornalistas sobre o assunto; e, a última, a promessa veiculada pelo DCIAP de “participar criminalmente pelo conteúdo hoje noticiado.” (2)

O assunto não podia escapar e foi abordado na noite do dia 4 por “Catarina Martins e Cotrim de Figueiredo” no debate das presidenciais, em que ambos “concordaram com a gravidade do uso “indiscriminado” de escutas na Justiça”. (3)


((1) «Costa em 50 escutas da Operação Influencer», RTP Notícias de 2025/12/03; (2) «Universo Influencer – esclarecimento», o comunicado do DCIAP do Ministério Público em 2025/12/03; (3) «Catarina Martins e Cotrim de Figueiredo concordam com gravidade do uso “indiscriminado” de escutas na Justiça»,  RTP Notícias de 2025/12/05;
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Nota 1: O turbilhão de jornalistas correndo atrás de um Procurador-Geral mudo, carrancudo e de passo apressado, fez-nos imaginar, por mera verosimilhança, que ocorria algo gravíssimo, do género “Era uma vez a Máfia.” – Só mesmo por isso é que daqui se retiraram algumas frases (outras inventadas na hora), para apimentar a coisa. Aqui fica o dicionário, para que não haja confusões:

a) “Era uma vez a Máfia” (2019) é um filme de Franco Maresco, com Letizia Battaglia (ex-fotógrafa-jornalista e referência do movimento Anti-Máfia) e Ciccio Mira;

b) Francesco Mira, apelidado de Ciccio, é conhecido por um programa de televisão e festas de rua cuja qualidade é difícil de classificar; o produtor é Matteo Mannino e também conselheiro e a alma gémea do Ciccio Mira” – são dois pequenos “mafiosos”, do fundo da escala;

c) Giovanni Falcone e Paolo Borsellino foram dois juízes assassinados pela Máfia de Corleone (2017); Tottò e Peppino são conhecidos, principalmente, por contracenarem em muitos filmes do cinema cómico italiano;

d) Sebastiao de Narbona, c. 256 – f. 288, originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão;

Nota 2: Fotografia do autor e diálogos, a partir da transmissão televisiva da SIC Notícias.)

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