Imagem de "Descalços no Parque", transmissão da RTP de 2020/04/29.
(1. A propósito:«Descalços no Parque» (filme norte-americano, do género comédia, com Robert Redford e Jane Fonda.) - Wikipedia; 2.«Coronavírus» neste «blog».)
"Prós e Contras" de 2020/04/27, na RTP1: aspecto de uma desinfecção.
(1. E uma imagem/notícia:«Mãos ao Alto» ("A polícia deteve um homem depois de este ter corrido para a praia de Galveston, no Texas, fechada devido à pandemia. A polícia já vinha a perseguir o homem, que segundo testemunhas tinha perturbado a circulação de veículos na Seawall Boulevard.") - MUNDO | COVID-19, RTP Notícias de 2020/04/28; 2.«Coronavírus» neste «blog»)
Se tivéssemos que fazer uma História dos Livros e ordená-la por cores dois surgiriam à cabeça: o Livro Vermelho, de Mao Tsé-Tung, e o Livro Verde, de Kadhafi. Ainda encontraríamos um terceiro, pois é comum que as Bíblias tenham capa preta e letras douradas, embora nos digam que o preto não é cor.
Análise de Marques Mendes no jornal da noite de 2020/04/26, na SIC
Já antes aqui tínhamos falado de um certo livro azul que está na biblioteca de Marques Mendes e interrogámo-nos na altura se seria um que pensamos conhecer e que por agora não revelamos para manter o suspense. Mas o problema é que livros azuis, raros, há alguns e o mais parecido que encontrámos foi o Project Blue Book. Chegados aqui, perguntámo-nos: será o relatório, em forma de livro, que está ali na estante ou o filme coberto com uma capa?
Ainda assim fica a pergunta: Será que Marques Mendes é um entusiasta de OVNIS e conspirações alienígenas? Fica a questão que vamos resolver em breve. Está prometido!
(1. O "Livro Vermelho" de Mao Tsé-Tung:
O "Fim da História", a "Síntese", não termina com a conquista do poder pelo proletariado. A luta de classes continua mesmo depois do proletariado conquistar o poder.
Na luta de classes existem "classes antagónicas", que tenderão irremediavelmente a combater-se, e "classes não-antagónicas", cujos interesses não são necessariamente antagónicos. É o caso dos intelectuais em relação aos camponeses ou destes em relação aos operários;
2. E o "Livro Verde" de Kadhafi:«'Livro Verde’ resumia pensamento de Kadhafi durante governo da Líbia» - Globo.com; 3. E porque se fala de alienígenas:«Project Blue Book» - Wikipedia;
4.«Coronavírus» neste «blog»)
Corpo de coração. Pernas de sorvete Boca de morcego. Olhos de carneiro mal morto Nariz de avião.
Vestido às pintinhas Em baixo travado Com combinação por baixo. Colar de pedras brancas Língua de abelhuda À soleira da porta.
Cabelo em cachos de uva Luvas de pelica. Carteirinha na mão Lacinho no chapéu. Pêlos nos braços e pernas De muita carninha.
Sapatinho de meio tacão, Preto, De verniz.
Eis o ideal de beleza que qualquer homem suspira!
(Dicionário: a) Olhos de carneiro mal morto: olhos mortiços; b) Abelhuda, no sentido de "cusca": que ou aquele que é excessivamente curioso(a) em relação a algo ou alguém, intrometendo-se de forma mais ou menos indiscreta para satisfazer a sua curiosidade; o mesmo que bisbilhoteiro; c) Pelica: pele fina de carneiro ou cabrito, para luvas, calçado, etc..)
Prima-dona, se primeira numa ópera, também pelo seu andar, pela sua pose, denotando uma individualidade arrogante, parece. Hipótese que depois com olhar mais atento se exclui pela existência de alguma pilosidade.
Matrona, se considerada pejorativamente, ou seja, mulher de meia idade e corpulenta, de aparência pesada, ainda que algo cuidada mas com pêlos, parece ser o que melhor encaixa no que vemos. Então, fica a ser a matrona dos anos 50 do século passado cujo autor não é este autor. Em todo o caso, uma bela estampa! Muitos se mataram nessa época por beldades destas!
(Dicionário: a)«Prima-dona» - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa; b) «matrona» - Infopedia)
O mistério do Livro Azul Era nas falsas folhas de rosto dos livros que Fabien colocava o seu nome para que não houvesse dúvidas de que era o proprietário. Fazia isso também para dar valor a cada livro, mostrando que era um livro lido, não um livro só, abandonado. Abaixo do nome, numa segunda linha, ia o nome completo de Margaret, depois uma vírgula, e logo à frente, a cidade onde viviam, Paris.
Assim foram marcados uns quinhentos livros. E assim permaneceram durante anos, expostos, lidos e estimados.
Mas um dia as circunstâncias mudaram. Os livros viajaram para outra casa, ganharam uma nova companheira - Christine - e a segunda linha nas falsas folhas de rosto passou a ser uma intrusa da casa. Acrescentar uma terceira linha não costuma ser bem visto nestas ocasiões e nem a terceira linha se via de bom grado a conviver com a sua rival. De modo que a solução foi amputar dos 500 livros dono, rival e cidade nas falsas folhas de rosto, com muita tristeza, é certo, mas também como prova de tolerância pela terceira linha que sofria - e se calhar ainda sofre - de psicose maníaco-depressiva, vulgo bipolaridade.
O facto é que quinhentas falsas folhas de rosto foram rasgadas e meticulosamente deitadas a um cesto que não chegou a ir para o lixo. Recolhidas e guardadas à sucapa, esperam pelo dia em que voltem a unir-se aos livros a que pertencem. É uma questão de tempo e paciência. Quando a terceira linha já não estiver a ver.
Análise de Marques Mendes no jornal da noite de 2020/04/19, na SIC
Na biblioteca havia um livro especial, conhecido por Livro Azul. O Livro Azul era muito valioso por ser uma primeira edição de que restam uma meia dúzia de exemplares. Tirando a falsa folha de rosto que lhe está em falta está como novo. Provavelmente já não vai a tempo de ser recauchutado. Foi entretanto vendido e comprado num alfarrabista, e é tudo quanto se sabe. E dos 500 restam agora 499.
Será este o Livro Azul que vemos agora na biblioteca de Marques Mendes? O mistério Azul continua. Não percam os próximos episódios!
O nosso faro policial não abrandou na tentativa de encontrar uma explicação sociológica para a biblioteca de Marques Mendes bem como para os hábitos e motivações pessoais do seu proprietário. Grão a grão enche a galinha o papo e, assim, pelo menos enquanto durar o confinamento, lá chegaremos.
Análise de Marques Mendes no jornal da noite de 2020/04/12, na SIC
Desta vez dois livros de lombada aparentemente de cor cinza trocaram de lugar entre si: o mais alto mudou-se da direita para a esquerda. Será que Marques Mendes está-se a render aos fascínios de António Costa? Fica a pergunta. A outra observação parece, por enquanto, inócua para a solução: o livro amarelo que andava constantemente aos trambolhões - ora de cabeça para baixo ora de cabeça para cima - deu lugar a uma nova entrada, um livro azul. Mas vamos ficar de olho neste livro azul sem esquecer o amarelo que por agora desapareceu do mapa. Talvez esteja aqui a chave final do problema! «Post» seguinte: «Coronavírus - A Biblioteca de Marques Mendes - V»; «Post» anterior: «Coronavírus - A Biblioteca de Marques Mendes - III»
1. Bater à porta com o pé. Adquirindo, assim, novas habilidades. 2. Fechar as portas agarrando-as pelo sítio mais alto. Não dá para tarrecos. 3. Ligar os interruptores da luz com os cotovelos à boa maneira de um Bruce Lee. 4. Fugir de tipos mascarados. Provavelmente estão doentes e também não usam a máscara certa. 5. Cumprimentar as pessoas com emojis mantendo o distanciamento social. 6. Evitar os passeios estreitos onde há gente. Caminhar pelo meio da rua. Os carros, poucos, que se afastem. 7. Lavar frequentemente as mãos com sabão, o tempo suficiente de cantar o Coro dos Escravos Hebreus na ópera Nabbuco, de Verdi.
8. Para os destros, utilizar a mão esquerda. Para os outros o inverso. Imaginar que somos uma espécie nova sem boca, nariz e olhos. 9. Dar uma boa bordoada nos tipos que escarram no chão pois os que fazem isto fazem muito pior. Utilizar pau de longa distância para a bordoada. 10. Olhar com ar recriminatório à passagem dos nossos inimigos. Esta é uma boa forma de os condenar ao ostracismo.
(1. Para descontrair:«Va, pensiero» (Coro dos Escravos Hebreus) na ópera «Nabucco» (1842), de Giuseppe Verdi, que "relembra a história dos exilados judeus na Babilónia, após a perda do Primeiro Templo em Jerusalém". "A ação da ópera conta a história do rei Nabucodonosor da Babilónia" e suscitou, na época, o sentimento nacionalista italiano - Wikipedia; 2.«Coronavírus» neste «blog».)
Estamos no ano da graça de 1668 e dá para rir. Harpagão é um velho agiota, agiota até dizer chega. Dizem até que processou o gato do vizinho por ter comido o resto de um pernil de carneiro. Imaginem se fosse borrego da Páscoa! A história é-nos contada por Molière: na cena da igreja, o nosso Harpagão (Louis de Funès) furta-se a dar a esmola tal como diabo a fugir da cruz. A peste negra já levava uns três séculos e pico e da Covid-19 ninguém sonhava. Mas se fosse hoje todos diriam que Harpagão simplesmente cumpriu - e bem - a regra do distanciamento social. Ora vejam:
Chegou a Páscoa e com ela o Ben-Hur (1959), O Rei dos Reis (1927) - um clássico do cinema mudo -, O Monte Sagrado (1953), O Evangelho Segundo São Mateus (1964), e, dos mais recentes, A Última Tentação de Cristo (1988) e A Paixão de Cristo (2004). A escolha é variada. Mas há o resto. De modo que não nos podemos esquecer do folar, das amêndoas, do pão-de-ló e do borrego. A missa segue pela Internet e a confissão já há muito devia ter sido feita. Quanto ao compasso - que este ano não vai ser possível - ponham verdes no soalho da casa e toquem sininhos na casa de banho onde dá bom som. Pode ser que um senhor padre chegue, um padre lá de casa, disfarçado, com o Menino nas mãos. Nós sabemos que o senhor padre, o verdadeiro, anda todo acagaçado e, verdade seja dita, tem razão. Para os mais novos, gente rebelde, sugerimos pizzas ao som de "Prey" dos "Parkway Drive". Querem melhor?
E as minorias? Todos aqueles que não celebram a Páscoa? Dos agnósticos e ateus sabemos que não se importam de pôr os pés de baixo da mesa só para saborear o borrego. São os que dizem: "Que se lixe a religião, também não sou dos mais convictos, vou fazer de conta, o que interessa é a comidinha!" Pois é! Mas há outros, e doutras religiões, que não participam e ficam a ver navios. Ora se não participam no repasto, na comunhão, por que não a gente dar-lhes o prazer de uns filmes ligeiramente diferentes? Títulos como estes: Maomé, O Último Profeta (não sabemos se existe); Os Versículos Satânicos (existe pelo menos o livro); Je vous salue, Marie (existe o filme, sim senhor.) Acham que é boa ideia?
(1. «Páscoa, ou a paixão de Cristo em dez filmes»; 2. Dicionário: a) «Páscoa»: ressureição de Jesus ocorrida três dias depois da sua crucificação no Calvário; b) Folar: o pão da Páscoa; c) Compasso: visita casa a casa de uma paróquia para os que queiram receber o Crucifixo de Cristo no dia de Páscoa; 3.«Parkway Drive - "Prey"» - YouTube; 4. A propósito: a) «Maomé» - Wikipedia (líder religioso, político e militar árabe; segundo a religião islâmica, Maomé é o mais recente e último profeta do Deus de Abraão); b)«Os Versículos Satânicos» - Infopedia (romance de Salman Rushdie, de 1988); c)«Je vous salue, Marie» - Wikipedia (filme de 1985, dirigido por Jean-Luc Godard); 5.«Coronavírus» neste «blog».)
Ao fundo, o café Âncora D'Ouro, mais conhecido por Piolho. À esquerda, o edifício da Reitoria da Universidade do Porto. Locais da movida do Porto e onde estudantes praxam e confraternizam. As pedras sujas e gastas de que fala Rui Veloso ficaram livres dos pés humanos e, em pouco tempo, a erva medra entre elas dando uma tonalidade esverdeada às ruas. Um dia alguns dirão que as ruas do Porto ficaram verdes.
Hoa-zim, também conhecida por Cigana ou Ave Fedorenta, é um dinossauro actual que se alimenta de folhas.
Ciganas no rio Napo, Amazónia - National Geographic
Qualquer pessoa acharia que Hoa-zim daria um bom churrasco mas o problema é o seu cheiro pestilento a estrume de vaca. De modo que dizemos a Hoa-zim: Voa-sim!
Nome: Léon Fremont. Dos restos encontrados foi possível identificar parte da mauser e uma bota francesa ainda com os ossos e a meia dentro. O crânio apresentava a marca típica da metralha e não restavam dúvidas que essa fora a causa da morte.
Posso ficar com os restos?, pode mas tem que assinar estes papéis, e é só assinar?, sim, é só assinar, admira-me o seu interesse por estas coisas, é o interesse histórico, sabe?, o meu bisavô esteve um século de baixo dos escombros e quero tirá-lo do anonimato e depois fazer-lhe uma festa, então você é Fremont, sim, sou, e acha que a partir do crânio conseguem reproduzir-lhe o rosto em 3D?, sim, se me disser a cor dos olhos, eram azuis acho eu, e quanto aos fragmentos aqui à volta também os vai querer?, se não forem significativos acho que podem ficar onde estão, estes aqui talvez tenham algum interesse, são do casco de um navio francês, sinceramente não sei como vieram cá parar, mas se são significativos levo-os, bocados de um navio dão outro valor à história do meu bisavô.
(segundo o Livro de Estilo de Camilo José Cela «in» Madeira de Buxo (Madera de Boj, 1999). Baseado num documentário do canal História sobre a Grande Guerra (1.ª Guerra Mundial), de 2020/04/04.)
Isto É GOZAR com quem TRABALHA, programa de Ricardo Araújo Pereira de 2020/04/05, na SIC.
(1. E perguntam vocês: quem é esse tal «Telmo Correia»? A resposta na Wikipedia e o partido a que pertence: «CDS – Partido Popular»; 2.«Coronavírus» neste «blog»; 3. Nos primórdios da televisão pública a preto-e-branco, em Portugal, era recorrente o "Pedimos desculpa por esta interrupção. O programa segue dentro de momentos.")
Bem pensou o camaleão da história anterior fugir de campo aberto e caçar na rota do escaravelho. O problema é que de um lado ao outro há um espaço a percorrer e, desta vez, o caçador passou a caçado. Normalmente a cobra deixa que o veneno faça o seu efeito para depois engolir a vítima.
Porém, contra todas as expectativas, desta vez a cobra decidiu, antes de deglutir o camaleão, transportá-lo - e era a refeição do dia - para lugar seguro. Donde se prova que as cobras estão a ficar cada vez mais inteligentes e que Darwin tinha razão quanto à sua teoria da evolução das espécies! «Post» anterior (ainda o camaleão era vivo): «E era uma vez um escaravelho!»
Em campo aberto as pernas de um escaravelho são demasiado rápidas para a corrida de um camaleão. Ora se a montanha não vai a Maomé vai Maomé à montanha. É o que faz o nosso escaravelho:
é só encontrar a rota do pretinho, esperar que passe e fisgá-lo. E era uma vez um escaravelho!